Mês do Rock

Confira uma lista das músicas que moldaram o gênero (lançado periodicamente, em partes)

Entrevista: Vitor Pirralho

O Ouvido Interativo entrevistou um dos artistas mais inventivos de Alagoas, confira!

Biografia: Djavan

Da boca do beco ao azul, a vida e obra de um dos gigantes da MPB

Grandes ÁLbuns: Led Zeppelin IV

Conheça um dos maiores álbuns da história do rock aqui no Ouvido Interativo!

Vídeos - Tributos aos Temas do Super Mario!

Matéria especial para matar a saudade de um dos maiores games que já existiram!

domingo, 9 de outubro de 2011

Entrevista: Igor Correia



     Nascido em Maceió, Igor Correia decidiu investir na carreira de compositor musical. Vendo a escassez de sua terra natal para o ramo, decidiu morar em Curitiba, onde poderia exercer a profissão mais facilmente. Cursou Produção Sonora pela Universidade Federal do Paraná e, após adquirir o grau de Bacharel, partiu para o mestrado em Composição Musical no Canadá, pela University of Toronto, onde estudou com o compositor grego Christos Hatzis. A competência do artista lhe rendeu prêmios, tais como o Karen Kieser Prize 2008, na categoria Canadian Music e sua música já foi tocada pela Sneak Peak Orchestra, The TorQ Percussion Quartet e Madawaska String Quartet, dentre outras.
     Atualmente, Igor trabalha como editor musical de um selo canadense e compõe músicas para filmes, games, comerciais, etc. Recentemente, foi escolhido para participar do Emerging Composer - Filmmaker Matchup 2011, da Screen Composers Guild of Canada, onde teve uma peça de sua autoria gravada por uma orquestra no CBC's Glenn Gould Studio.
     Na entrevista cedida ao Ouvido Interativo, Igor fala sobre influências, composição, direitos autorais, etc. Confira abaixo:

Quais suas principais influências?

Então, eu acho que as minhas influencias estão sempre mudando. Toda vez que eu escuto algo novo que me faz parar e ouvir se torna uma influencia de imediato. Aqui vao alguns nomes que me fizeram parar nos últimos anos: Stravinsky (claro!), Valentin Silvestrov, Amon Tobin, John Tavener e mais um monte de gente e bandas.

A ausência de cursos de regência, bacharelado em instrumentos e composição em Maceió faz com que muitos músicos desistam de uma formação acadêmica e passem a produzir sua arte como hobby. Como estudante que saiu do “conforto de casa” para estudar no sul do país e, posteriormente, no exterior, quais conselhos você tem para os que querem seguir o mesmo rumo?

Se você mora em um grande centro urbano, ótimo! Se nao, precisa se mudar. É assim em toda industria criativa. Além do mais, faz bem para a criatividade o esfrega-esfrega com outras pessoas, outras culturas, outras ideias. No passado, os artistas faziam essas mesmas coisas, se mudavam para grandes centros para poder viver da sua arte. O meu conselho é: se você quer mesmo viver de arte, tem que ir para um grande centro urbano.

 Quais as principais diferenças do curso de produção sonora e composição?

Eu fiz o curso de produção sonora em Curitiba na UFPR e um mestrado em composição na Universidade de Toronto. O curso de produção sonora foi um curso de tecnologia e música em geral, nada muito específico na verdade. Hoje eu vejo o que ele não foi: um curso técnico - o que na verdade faz sentido, pois é um curso universitário! Claro você aprende algumas coisas técnicas mas foi um curso que por causa dos professores que tive era mais sobre o pensar e resolver problemas. O curso de composição aqui de mestrado é um curso na verdade técnico. Você escreve, escreve e escreve. Tem suas peças executadas e pronto. Essa foi a principal diferença - além é claro da diferença de infra-estrutura! Qualquer partitura e livro que eu quisesse eu tinha acesso pela Universidade de Toronto. Faz muita diferença!

 



Como se dá seu processo de composição musical? Existe uma rotina, pré-estrutura, algum pensamento estilístico, etc. ou simplesmente a inspiração é quem dita as regras?

Sim, existe uma rotina que eu uso. Eu acho que é diferente pra cada um. Depois de decidido a instrumentação eu penso no som. Eu me pergunto, que tipo de som eu quero? Então eu vou pesquisar e ouvir outras peças que tem um som parecido até encontrar alguma coisa interessante. Algo que eu não sei como produzir. Eu acho que é então que vem minha inspiração - do desafio. Eu estudo uma peça por um bom tempo e depois começo a escrever. É como Picasso dizia "Bons artistas copiam, grandes artistas roubam"! Eu sempre faço isso na verdade. Depois do empurrão inicial eu vou sozinho e a peça começa a criar vida própria. Quando eu paro e não sei para onde ir, eu então volto para aquela peça que eu estava estudando e vejo como o compositor se livrou de desafios que agora eu encontro. E por aí vai. Nada é completamente original.

Até que ponto o 'preconceito' do músico influi no seu processo criativo? É possível o compositor desnudar-se das suas certezas musicais e produzir uma arte que ultrapasse a barreira daquilo que ele ache pertinente?

Acho que depende o que você quer dizer por pertinente. Pertinente para quem? Para o músico? Acho que não. Aquilo que você acha pertinente é aquilo que provavelmente mais o interessa e criar algo que não te interessa soa estranho para mim. 
Preconceito é uma palavra estranha também. Talvez "filtro" seja melhor, não? O filtro influi demais. Mais do que desnudar-se as suas certezas musicais eu acredito que você deve abraçar as suas certezas (ou escolhas) musicais mas sem fechar os olhos. É uma certeza que pode ser transformada a cada dia. Nada é certo, ainda mais na arte. Acho que a maior barreira a ser ultrapassada é a barreira do exercício. Quando aquilo que você criou deixa de ser um exercício e se torna arte ou algo pertinente? Isso é fácil de ver quando você vê alunos de doutorado apresentando suas peças ao lado de alunos de primeiro ano da graduação.





Na sua experiência como compositor, tem sido mais difícil produzir músicas para filmes e comerciais, que já vêm com pré-conceitos sonoros estabelecidos, ou compor livremente, sem tais “amarras” para a produção sonora?

Muito mais difícil compor para concerto. Pois você é o dono da narrativa. Música para outros meios é mais fácil pois você divide aquela narrativa com outros veículos.

Confira o curta Dreamscape, com trilha de Igor Correia, clicando AQUI

De que forma o conceito de paisagem sonora, proposto por Schaffer, pode ser abordado para reeducar o nosso comportamento em sociedade, no que tange à poluição sonora ou ressignificação do som propriamente dito?


Não sei. Ah! Na verdade o que seria a poluição sonora? Eu acho que estamos mais antenados em som do que nunca. Mas eu não lembro muito da literatura de Schaffer para responder a pergunta. Mas eu tive uma aula particular como o Schaffer. Ele é uma figura. Parece um pirata! Ele viu uma peça minha baseada no inferno de Dante e sobre o terceiro movimento, que era o paraíso, ele disse: Mas isso aqui tá muito quieto, chato. E eu disse: Mas é o paraíso! Schaffer: A minha visão do paraíso é todo mundo fazendo festa, um agito! haha!

No Brasil, o alto imposto cobrado pela importação de produtos faz com que a compra de livros, álbuns e softwares musicais estejam fora da realidade da maior parte dos estudantes, que acabam recorrendo à pirataria como forma de burlar tal condição. No entanto, ao se formarem profissionais, continuam a utilizar de tais métodos, o que não só prejudica os autores de tais produtos, como também desvaloriza o trabalho daqueles que utilizam os originais em sua produção. Em sua opinião, como o estudante brasileiro deve proceder para suprir suas carências sem que hajam tais prejuízos?

Como todo estudante brasileiro, eu tinha uma xeroteca! Essa é uma boa pergunta que eu também não sei como responder. Atinge não só os estudantes de música mas todos os estudantes. Recentemente, se não me engano, houve mais uma lei de protecionismo passada pela presidente - o que aumenta o preço de produtos importados. A pirataria e os direitos autorais no país são um problema muito grave que eu não sei nem por onde começar. Na verdade, a primeira coisa que Schaffer me disse quando eu disse que era do Brasil foi que nós deveriamos pagar os royalties nas salas de concerto. Que imagem, não?
Sinceramente, não sei. Parece que nessa questão estamos 100 anos atrasados e os problemas são tão profundos que eu fico tonto só de pensar. Quando o presidente desce do avião com um filme nacional pirata e nada acontece com o mesmo... que imagem ele está passando para o resto da nação? 

Confira o trabalho do artista em seu site oficial: www.igorcorreia.com 
Myspace: http://www.myspace.com/igorcorreia

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Duofel - Across the Universe (The Beatles)

     Fruto de uma parceria que já dura mais de três decadas, a dupla de violonistas Luiz Bueno e Fernando Melo é uma das mais inovadoras da música instrumental. O duo cria suas músicas e faz versões de peças de outros artistas de forma primorosa e inventiva, utilizando-se de novas formas de tocar o violão e da incoporação de novas sonoridades dentro da música através da voz, instrumentos melódicos, percussivos, etc.
     Um dos últimos projetos do grupo é o Duofel plays the Beatles, no qual os instrumentistas "dissecam" a música dos garotos de Liverpool em versões incríveis. Não deixem de escutar!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Manguebeat - Da Lama Ao Caos



     Recife, início dos anos 90. A "metrópole nordestina" é, então, a 4ª pior cidade do mundo em qualidade de vida, com mais da metade de seus habitantes morando em favelas. Durante seu crescimento desenfreado e caótico, o progresso mata seus rios e aterra seus estuários, entupindo das veias da cidade e, assim, condenando Recife ao infarto.
     Deste contexto, surgiu em 1991, o manifesto Caranguejos com Cérebro, feito pelo Mangueboy Fred04 (que você confere clicando aqui), da  banda Mundo Livre SA e endorsado pelo artista que viria a ser o maior sintetizador do movimento: Chico Science. A partir deste momento, surge um núcleo de produção de idéias pop, que enfia uma parabólica ideológica na lama e aplica uma injeção cultural de adrenalina nas veias da cidade, em um movimento cultural que ganharia o país, especialmente em seu braço musical, conhecido como Manguebeat.
     A "batida do mangue" é uma mistura de coco-de-roda, embolada, pop , maracatu e rock'n'roll e é tido como o último grande movimento da música brasileira.






     Na temática do movimento mangue, estão em foco favelas, degradação, fome, rios, pontes, caos, caranguejos e lama. Música urbana em sua totalidade, aproveita-se de idéias culturais previamente estabelecidas por artistas como o escritor Josué de Castro, que assemelha o homem ao caranguejo em seus escritos Fome no Brasil e no Mundo e  Geopolítica da Fome (obra que foi transcrita para várias linguas).

"Ô Josué, nunca vi tamanha desgraça, quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça!" (Chico Science)




   
     Em expansão ideológica constante, a batida do mangue foi ganhando força de expressão no Recife. Surgiram bandas como Sheik Tosado e Eddie, que também incorporavam a idéia. Assim, os homens - caranguejos ganharam a cena nacional, em especial com Chico & Nação, que surpreendiam à todos os que escutavam o funk/rock regado à críticas sociais e batidas em tambores de maracatu. Em 1992, Chico lançou o álbum Da Lama Ao Caos, que também foi lançado nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
     Quatro anos depois, Afrociberdelia, o segundo álbum de Chico & Nação, foi lançado. Até hoje, o álbum é considerado por muitos, o ápice do manguebeat. O artista levou o mangue ao redor do globo, viu seu álbum se posicionado em 5º lugar na World Music Charts da Europa e é o grande responsável por esse patrimônio musical brasileiro, que até hoje dá frutos. Infelizmente, Chico nos deixou em 1997, vítima de um acidente de carro, sua voz, no entanto, sobrevive. Hoje, basta ir a um show do Nação Zumbi em Recife, que não tardará a escutar um ensurdecedor "Chico! Chico!"
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Gato Zarolho - A Inês é Morta

     Em uma produção do coletivo "Panan Filmes", a sensacional banda alagoana Gato Zarolho lançou no dia 10 de Agosto de 2011 seu primeiro videoclipe, da faixa de abertura do álbum Olho Nu Fitando Átomo (que você baixa clicando aqui), intitulada A Inês é Morta. Confira:


sábado, 6 de agosto de 2011

Nobuo Uematsu - Aerith's Theme e One Winged Angel

     Dono de um estilo próprio, que vai das melodias inesquecíveis de Grieg até os ritmos marcantes e harmonias pesadas de Stravinsky, Nobuo Uematsu se tornou referência para as novas gerações. Sua música ultrapassou as barreiras dos "sonzinhos MIDI", cresceu junto com a nova geração de consoles, saiu das telas dos games e logo passou a ganhar as salas de concertos ao redor do mundo. Confira agora duas obras-primas do compositor, feitas para o game Final Fantasy VII, da Square - Enix:

Aerith's Theme






One-Winged Angel





sexta-feira, 22 de julho de 2011

Biografia: Djavan



Da Boca do Beco ao Azul:

     Nascido em Maceió, no dia 27 de Janeiro de 1949, Djavan Caetano Viana dividia o amor entre o futebol, atuando como meio - campista do CSA (Centro Sportivo Alagoano) e o equipamento de som quadrifônico da casa do Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola. Da segunda paixão, veio o talento irreprimível e musicalidade notável, que tornaria o cantor/compositor/arranjador/instrumentista um dos nomes mais célebres da Música Popular Brasileira.
     Aos 19 anos, o então atuante da banda Luz, Som, Dimensão (LSD) parecia conter uma urgência em se expressar através da arte. Deixou o futebol definitivamente e passou a dedicar-se única e exclusivamente à música. Aos 23, com Alagoas no coração, muda-se para o Rio de Janeiro, visando ganhar seu espaço no mercado musical. Passa cantar como crooner de boates, onde não tarda a chamar atenção.
     Nos três anos que seguem, Djavan compôs mais de 60 canções, dentre elas, a música Fato Consumado, que viria a ser 2ª colocada no Festival Abertura, fato que levou o cantor a gravar seu primeiro disco pela Som Livre, sob produção de Aloysio de Oliveira, intitulado A Voz, O Violão, A Música de Djavan. Deste compacto, destacam-se, além de Fato Consumado, as músicas Flor de Liz, Na Boca do Beco, Maria das Mercedes, etc. A partir deste momento, Djavan torna-se um artista aclamado pela crítica e pelo público.



     Em 1978, o cantor lançou o álbum Djavan, pelo selo Odeon. Posteriormente, o álbum recebeu o subtítulo Cara de Índio e solidificou a posição de Djavan como um dos grandes da MPB e sua música se torna cada vez mais pessoal, cheia de influências de ritmos africanos, samba, soul, etc. Além da faixa a que o subtítulo remete, o álbum traz também as canções Álibi, regravada por Maria Bethania, Dupla Traição, regravada por Nana Caymi e Samba Dobrado, regravada por Elis Regina, além das músicas Serrado, Nereci e  Numa Esquina de Hanói. Em uma das faixas, intituladas Alagoas, o cantor traz um samba e canta o lamento de ter deixado Alagoas para poder viver como artista:



     No álbum seguinte, Alumbramento, Djavan já traz parcerias com Aldir Blanc em Triste Baía de Guanabara e Chico Buarque n'A Rosa. Além destas canções, o álbum traz também Lambada de Serpente e a música que o consagraria ainda mais e constituiria numa das mais aclamadas de sua carreira, Meu Bem Querer. Já consagrado entre os gigantes, Djavan vê mais músicas de sua autoria ganharem versões nas vozes mais expressivas do país. Gal Costa regrava Açaí e  Fato Consumado, Roberto Carlos, A Ilha e Caetano Veloso retribuir o "Caetanear" de Sina, substituindo o termo por "Djavanear".



     Em 81 e 82, Djavan ganha o prêmio de melhor compositor da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Nesta época, Djavan também lançou o álbum Seduzir, com destaque para a música homônima. No ano de 82, a canção Flor-de-Lis adentra o mercado americano, na voz da diva Carmen McRae, com o título de Upside Down. Chega então o convite para gravar com a o selo CBS, que viria a se tornar Sony Music. O artista embarca para Los Angeles para gravar seu novo álbum, intitulado Luz. Sob produção de Ronnie Foster, Luz trouxe um Djavan mais jazzístico, maduro musicalmente, mas sem perder sua característica artística. Como resultado, o álbum é o responsável por canções que iriam marcar sua carreira, tais como Pétala, Açaí, Sina e Samurai, que conta com a participação de Stevie Wonder.



     Após lançar o álbum Lilás, disco que teve sua faixa-título tocada mais de 1.300 vezes nas rádios em seu dia de estréia,  Djavan "ganha o mundo" e passa dois anos em turnê internacional. Volta ao Brasil em 86 e já lança o Meu Lado, de influência africana na música homônima, bem como na  Nkosi Sikelel I-Afrika e So Bashia Ba Hlala Ekhaya, mas também um álbum de sambas, de baiões e canções de riqueza harmônica e passeios por melodias fora dos padrões. Em 10 anos de carreira, Djavan se mostra um explorador de cores, palavras, imagens e texturas.
     Palalelamente à sua carreira de músico, Djavan estreou nas telas como ator no filme Para Viver um Grande Amor, onde interpretava um mendigo apaixonado pela personagem de Patrícia Pillar. Compôs para o filme ao lado de Chico Buarque e participou do hit infantil Superfantástico, da Turma do Balão Mágico.




     Em 1987, veio o disco Não é Azul, Mas é Mar, gravado em Los Angeles, com músicas em inglês como Bird of Paradise, Miss Sussana e Stephe’s Kingdom, faixa que contou com a participação de Stevie Wonder. Dois anos após este álbum, Djavan lançaria mais um grande sucesso: o álbum Djavan (1989). No disco, encontramos outra música “carro-chefe” do compositor, Oceano, além dos hits Cigano e Avião.
     A década de 90 foi uma das mais produtivas para a carreira do artista, cada vez mais influenciado pelo jazz, blues, soul, etc. Logo no início desta, em 1992, Djavan lançou Coisa de Acender, das músicas Se..., Linha do Equador, Outono, dentre outras. Dois anos mais tarde o artista lança Novena, inteiramente composto e arranjado por ele. A formação de sua banda, com Paulo Calazans, Arthur Maia, Marcelo Martins e Carlos Bala é uma das mais aclamadas “eras” dos entusiastas de Djavan.



     Malásia, lançado em 1996 é um álbum extremamente maduro. De harmonias complexas e músicas onde até marcar o compasso é difícil (vide a faixa-título do álbum). O álbum conta com o hit Nem um Dia e covers, como Smile, de Chaplin e Correnteza, de Tom Jobim.
     Em 1998, o guitarrista (e filho de Djavan) Max Viana entra definitivamente na banda. Deste ano também data o disco Bicho Solto, onde Djavan mostra maior influência do funk americano, desfilando músicas dançantes. Em 1999, o álbum Ao Vivo traz uma antologia com 22 grandes sucessos de sua obra e leva Djavan a uma turnê duradoura.
     O ano 2000 traz para Djava um Grammy Latino pela música Acelerou. O artista também recebeu o Prêmio Multishow como melhor artista, melhor show e melhor álbum. Em 2001, o álbum Milagreiro marca a volta para a temática nordestina em sua obra. Deste, destacam-se Milagreiro, em parceria com Cássia Eller e Farinha.
     Com o ínicio do selo de Djavan, Luanda Records, Djavan tem sua independência total como artista para o lançamento de seus álbuns. Lança, então, Vaidade (2004), Na Pista e Etc. (2005) e Matizes (2007) e, com este último, sai em turnê.
     Surpreendendo mais uma vez, Djavan lança em 2010 seu álbum Ária, totalmente voltado à um repertório cover, como o Standard de jazz Fly me to The Moon.



     Djavan compõe passeando por estilos, andamentos, ritmos, línguas. Ímpar, explora a língua de nosso país como poucos, em letras de jogos de palavras, de referência à cores. Genial, abraça o mundo e toma para si a nossa cultura, como se fosse possível, em um abraço, se apossar de toda a arte que nele existe.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mês do Rock (parte 2)

1968 - The Beatles - While My Guitar Gently Weeps

   George Harrison, o guitarrista principal dos Beatles foi um dos grandes instrumentistas e compositores do rock sessentista/setentista. Relativamente menos conhecido que seus dois companheiros de banda Paul McCartney e John Lennon, o guitarrista compunha canções e solos com habilidade notável.
     Uma das mais conhecidas faixas do White Album, While My Guitar Gently Weeps foi composta pelo guitarrista, inspirado por ensinamentos do I Ching e conta com o solo do mestre Eric Clapton. Como tudo que foi feito pelos Beatles na época, a canção é carregada de teorias da composição pela suposta morte de Paul McCartney, como que a letra continha trechos referentes ao fato, que os lamentos de Harrison ao fim da música seriam de tristeza pelo amigo, etc. O fato é que a música é um dos grandes clássicos do rock’n’roll e é audição obrigatória à todos que quiserem se aprofundar no gênero.





1970 - Janis Joplin - Mercedez Benz



Janis Joplin foi uma das vozes mais poderosas da história do rock. Dona de uma extensão vocal assombrosa e um timbre rouco peculiar, a cantora maravilhou ouvintes desde o início de sua carreira, na Big Brother and the Holding Company e posteriormente como artista solo, até sua morte prematura, aos 27 anos.
     Mecedez Benz é uma música acappella escrita pela artista em parceria com Michael McClure e Bob Neuwirth e foi gravada três dias antes de sua morte, no dia 1 de Outubro de 1970. Irônica, a canção é uma espécie de prece, onde Janis pedia à Deus uma Mercedez Benz, uma televisão à cores e uma noitada na cidade. No ano 2000, a canção ganhou um remix para o álbum The Greatests Hits, com batidas percussivas e melodias sob a voz de Joplin.






1970 - Creedence Clearwater Revival - Have You Ever Seen The Rain?



    A banda Creedence Clearwater Revival começou, oficialmente, em 1967, embora já atuasse com outros nomes desde 1959. O primeiro álbum da banda, lançado em 1968 já foi responsável pelo primeiro disco de ouro dos 9 que a banda conquistaria (além dos 7 de platina). O fim da banda deu-se em 1972, embora dois dos integrantes ainda atuem no projeto Creedence Cleawater Revisited.
     Ao falar de C.C.R., uma música vem logo à cabeça, a balada “pra frente” Have You Ever Seen The Rain. Oitavo single da banda à alcançar as paradas de sucesso, a música data de 1970, do álbum Pendulum e utiliza a chuva como metáfora pra os problemas que enfrentamos no dia-a-dia








1970 - Black Sabbath - Paranoid e Iron Man


     A origem de um gênero musical geralmente acontece de forma progressiva, “insinuando-se” nas obras de vários artistas até que apareça por completo. Assim é o heavy metal, que já vinha se insinuando em músicas como Born to be Wild e se solificaram com Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Formada em 1968, a banda produziu incontáveis músicas-hinos do gênero, arrebatou legiões de fãs e revelou Tony Iommi, Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio, além de contar com inúmeras e conturbadas participações em suas idas e vindas, como o período com Ian Gillan (ex-Deep Purple) nos vocais.
     Dentre as músicas que mais marcam o Sabbath, está Paranoid, datada de 1970, single do álbum homônimo. A música conta com os riffs poderosos de Iommi e a voz marcante de Ozzy e é uma explosão de peso e fúria setentista que elevou o rock a uma nova dimensão.






     Igualmente pesada, mas de uma forma mais cadenciada, Iron Man, do mesmo álbum virou um dos riffs mais conhecidos na história da guitarra, consolidando Iommi como um dos maiores instrumentistas do gênero, apesar de ter perdido a ponta dos dedos médio e anelar em um acidente aos 17 anos, necessitado de próteses para tocar.





1971 - Led Zeppelin - Black Dog e Rock'n'Roll


     Led Zeppelin é uma das mais influentes bandas de sua época. Dona de um estilo que transita do folk até o hard rock, galgada na voz poderosa de Robert Plant, na maestria dos riffs de Jimmy Page, na assombrosa técnica de John Bonham e na musicalidade do baixista John Paul Jones, a banda vendeu cerca de 111,5 milhões de discos somente nos Estados Unidos, sendo cerca de 27 milhões somente do clássico álbum IV.
     Black Dog abre primorosamente este álbum e foi eleita umas das maiores músicas da história do rock pela revista Rolling Stone. A música é feita em um riff 'quebrado' de Page, seguido da voz poderosa de Plant. Após alguns versos, o riff se estende e é seguido pela bateria 'reta' de John Bonham, o que acaba gerando um efeito de alternância entre a caixa e o bumbo do instrumento.






     A segunda música do álbum, Rock’n’Roll, tem sua harmonia estruturada em cima do 12 bar blues. No entanto, a furiosa guitarra de Page faz jus ao nome da música, assim como ao status de 'Banda Mais Pesada de Todos os Tempos', atribuído pela revista Rolling Stone.




1972 - Deep Purple - Highway Star e Smoke on the Water


     A fúria sonora da banda Deep Purple é tamanha que, no Guiness Book, consta como a banda com o som mais alto ao vivo no mundo. Assim como o Black Sabbath, o Deep Purple tem uma existência conturbada, revelando músicos geniais em meio a hiatos e voltas. Dentre estes, destacam-se o fundador da guitarra neoclássica Ritchie Blackmore, o vocalista Ian Gillan e o guitarrista Steve Morse.
     
     Datada de 1972, no clássico álbum Machine Head, a música Highway Star surgiu de um improviso de Gillan e Blackmore e é uma das mais próximas da época ao hard rock e metal, anunciando aquilo que estava por vir. O solo de Blackmore é inspirado na música clássica, ou como o próprio guitarrista definiu, de uma sonoridade 'Bachiana'
     




    Também deste álbum, Smoke on The Water traz um dos riffs de guitarra mais conhecidos da história do rock. A letra aborda uma história verídica, onde a banda tinha chegado a Montreaux para uma gravação em um estúdio móvel. 
     No dia anterior, Frank Zappa e sua banda, The Mother’s Invention fez um show no teatro de um cassino, nas proximidades de onde o estúdio estava alocado. No meio da música King Kong, um incêndio foi provocado por um expectador que disparou um Flare Gun no teto do estabelecimento, destruindo todo o teatro, junto aos instrumentos da banda. Os integrantes do Deep Purple observavam a fumaça se espalhar de seu hotel, do outro lago do Lago Léman, fato responsável pelo título da música, que em português seria 'fumaça na água'.
     


1972 - David Bowie - Starman


     David Bowie é conhecido por sua habilidade em mudar a aparência, mas o 'camaleão' também é dono de uma obra influente, inovadora e profunda. Nos primórdios da era Glam, o artista criou um alter-ego chamado Ziggy Stardust para o álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars. No álbum, Ziggy vem à Terra afim de salva-lá de sua destruição. No entanto, o alienígena acaba se tornando uma estrela do rock e acaba cometendo suicídio. O disco foi de um impacto imenso na cena musical da época, sendo considerado pela revista Melody Maker como o maior álbum dos anos 70.
     A canção Starman é deste álbum, e aqui no Brasil ficou famosa com a versão da banda Nenhum de Nós, chamada O Astronauta de Mármore.




     

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Download: Vitor Pirralho e Unidade - Pau Brasil


     Em seu segundo álbum, Pau-Brasil, de 2009, Pirralho mostra grande amadurecimento em relação à sua identidade como artista. Já não é mais um rapper com um quê direfencial e, sim, um artista diferenciado por completo. Sua prosa agora alcança lugar fixo em suas letras e sua arte não aborda favelas, mas sim a ótica do índio, através da devoração da cultura alheia e sua consequente transformação em um cultura própria. O disco rendeu o reconhecimento de grandes artistas, como Zeca Baleiro, Ney Matogrosso, Pedro Luís etc. e colocou o artista no circuito nacional.

Download: Vitor Pirralho e Unidade - Devoração Crítica do Legado Universal


    Influenciado pela temática do Antropofagismo Cultural, o rapper Alagoano Vitor Pirralho lançou em 2008 seu primeiro trabalho: Devoração Crítica do Legado Universal, onde desfila rimas bem-feitas, críticas, adaptadas à sua realidade nordestina. Destaque para Made in Nordeste e O Palhaço.

sábado, 16 de julho de 2011

Entrevista: Vitor Pirralho




     Dono de um estilo galgado em conceitos literários da antropofagia cultural, Vitor Pirralho foge ao comum e quebra as barreiras do gênero rap passeando por entre ritmos musicais construídos sob sua prosa afro - indígena. Resultado que levou o artista a cair nas graças de músicos respeitados no cenário nacional, como Zeca Baleiro, Ney Matogrosso e Pedro Luiz.
     Com sua banda, Unidade, Pirralho lançou seu segundo álbum, Pau-Brasil, baseado na tríade índio - branco (português) - negro, fugindo assim da temática tradicional do rap e tornando o estilo mais "abrasileirado" do que nunca. Confira na íntegra a entrevista do canibal ao Ouvido Interativo:

     Quais são as influências responsáveis (livros, filmes, música, etc.) por te moldar como artista?

     Cara, desde pequeno gosto muito de Literatura. Quando conheci a Literatura Modernista fiquei fascinado! Gosto muito de poesia (Oswald de Andrade, Paulo Leminski, João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Moraes etc.), gosto de prosa também (Luis Fernando Veríssimo, Graciliano Ramos, Gabriel Garcia Marquez, Guimarães Rosa, Franz Kafka, Marcos Bagno, George Orwell - principalmente sua obra-prima intitulada 1984 - enfim...). De filmes eu gosto muito dos filmes de Almodovar, de Woody Allen, de Tarantino, da trilogia O Poderoso Chefão - filmes que trazem o conceito sobre família (na verdade, o cerne dessa trilogia não é a máfia como muitos pensam) e meu filme preferido chama-se Assassinos por Natureza, um filme de Oliver Stone e história de Quentin Tarantino.
     No que diz respeito à música, eu gosto muito da nacional, de Chico Buarque a O Rappa, de Raul Seixas a Reginaldo Rossi, de Paulo Diniz a Chico Science, de Gerson King Combo a Max de Castro, gosto muito da estrangeira dos anos 70, black music, funk, soul, disco, aí eu piro! Nesse meio entra Michael Jackson também, que é o responsável por despertar em mim o interesse mais profundo em me relacionar com música.
   
     Quais as diferenças sonoras de seu trabalho anterior, Devoração Crítica do Legado Universal para atual, Pau-Brasil?

     O primeiro disco tem menos instrumentos, a produção dele é mais reta, mais rap mesmo, adicionamos mais músicos no segundo, o que automaticamente faz com que este já seja mais musical. E acho que o segundo é mais maduro também em conceito, consegui literariamente amarrá-lo melhor no conceito do Manifesto Antropófago, trazendo ele para o nosso contexto, claro. O primeiro tem essas abordagens também, mas creio que de forma mais aleatória, não tão conceitual como consegui fazer no Pau-Brasil.

     Sua arte foge da abordagem do rap tradicional, abordando a ótica indígena. De onde surgiu a idéia/necessidade de construir e se comunicar pelo manifestopi?

     Pois é, por gostar muito dos conceitos oswaldianos de antropofagia, devoração da cultura alheia, baseados no ritual canibal indígena, decidi fazer meu rap dessa forma, fugindo ao tradicional, tentando modernizar, tentando me pôr numa vanguarda dentro dessa linha musical. O próprio rap em si eu creio que já se apresente como antropófago, mas quem faz rap não sabe disso, pois se os conceitos antropófagos são de devorar a cultura alheia, o rap feito em português é isso! A cultura do "inimigo" adaptada à sua própria cultura, falada em sua língua, e não na língua de origem dessa arte. Antropofagia, brother! E, no caso de eu tentar elucidar essa questão, isso me põe um passo à frente a meu ver, pois o rap sempre se dispôs a ser o som dos oprimidos, então as periferias, os descendentes escravos se utilizam deste instrumento para buscar seus direitos, tudo bem... mas, será que esquecemos que antes da História de repressão aos negros aqui nesse país vem a História de repressão aos índios? Quem são os verdadeiros habitantes nativos do Brasil? Né não? E o manifestopi é um blog que uso para divulgar as coisas da minha música e também outras coisas de minha produção literária que não são produzidas para se tornarem música, então vi no espaço blogspot uma alternativa de publicar esses escritos.



     Você mistura a prosa do rap com a musicalidade brasileira, seja do nordeste ou de outras regiões. Tal fato trouxe notoriedade e chamou a atenção de músicos consagrados do nosso país, ganhando, inclusive, a alcunha de genial por Ney Matogrosso. De onde sugiu a idéia de fazer esse tipo de som?

     Acho que sim. Quando se foge do tradicional sempre se chama atenção. E na minha cabeça, por não ser preso a um estilo apenas, não faço parte de movimento dogmático algum, não faço parte de religiões, sou um artista, e arte não é dogmática nem religiosa, tento sempre misturar. Gosto de mistura, gosto de sincretismo. A ideia de fazer esse tipo de som é essa, sempre no conceito antropofágico.
     Pode ser que surja um questionamento de que tudo é antropofagia pra mim e que dessa forma eu tome tal conceito como meu dogma, mas esse conceito traz a ideia justamente de se desprender dessas questões fixas, de fazer uso de todas as culturas, de todas as artes, de se apropriar do que não é seu, se for pra tornar sua arte melhor, mais rica, então se essa é minha religião que seja, pois ela é pagã e promíscua e não tem um Deus. Nós, os antropófagos somos nossos próprios deuses e diabos, e, na moral, nós preferimos ser do jeito que o diabo gosta! (risos).

     Sua música tem alçado vôo pelo Brasil, te levando inclusive à capital do país. O público brasileiro do rap tem se mostrado aberto à essa mistura que é Vitor Pi e Unidade?

     Isso é muito legal, poder viajar pelo Brasil através da viagem sonora e literária. E quanto ao público brasileiro como um todo posso dizer que tem recepcionado muito bem, tem assimilado, tem se deixado experimentar, mas quanto ao público especificamente do rap, nem todo mundo se permite...

     Como é o processo de composição das músicas?

     As letras, a literatura de nossos sons, são minhas. Quando escrevo as letras, eu escrevo pensando como deve ser a música, então passo para meus companheiros e eles traduzem minha ideia, tenho uma boa equipe comigo, e esse processo se dá principalmente com o Tup, mando a ideia da música pra ele e ele cria a estrutura no computador, passamos para os outros músicos e eles arranjam o resto, é como um time, a defesa é a cozinha que segura a onda, o meio campo é a criação, e eu no ataque só enfiando as ideias na cabeça de toda trupe! (risos).

     Sua carreira já reúne premiações, reconhecimento de grandes artistas e shows pelo país. Qual momento dela você considera especial?

     As premiações são iradas, as viagens pelo país são iradas, mas acho que os momentos mais especiais são os de reconhecimento mesmo. Tanto de grandes nomes quanto de anônimos, e esses momentos a gente vive dia a dia. Isso é o melhor de ser artista, poder proferir sua arte e que ela possa ser consumida, devorada. Isso é muito massa!

     Existe o pensamento de lançar um registro em vídeo?

     Nós registramos o show de lançamento do disco Pau-Brasil, mas ainda não editamos, não trabalhamos o vídeo, mas vai rolar na sequência. Fora isso, temos idéias de alguns outros registros, como videoclipes oficiais e alguns outros projetos voltados especificamente para registro áudio-visual de nossa trajetória. Pra prosperidade... Aguarda aí...  

     Quem é músico e alagoano sabe a dificuldade que temos em conseguir espaço, já que o pouco que existe é ocupado por bandas que atuam em cima do interesse de boates e bares. Assim, grandes artistas são condenados à ter um "emprego seguro", fazendo da música segundo plano, ou suprimir sua produção para atuar em bandas cover. O que seria necessário para inverter essa situação e tornar a terra "fértil" para nossos artistas? falta apoio?

     De uma forma geral, a pergunta já vem carregada de uma resposta para essa problemática, a falta de apoio, de lugares onde tocar, de espaço na mídia mesmo (rádio e TV), fazem com que tenhamos que nos submeter à certas circunstâncias, e para quem encara a música como trabalho, o modus operandi é esse mesmo, temos que ir onde tá a remuneração pelo trabalho feito.
     O que falta para tornarmos nossa terra fértil? Adubo! Esse adubo seria uma guinada nacional em Alagoas. Deixar de ser o Estado medíocre que somos perante o resto do país (em todos os aspectos - social, político, educacional), deixar de ser o Estado APENAS do turismo, temos que associar a riqueza natural à riqueza cultural, temos que vender nossa cultura (que é vasta demais, diga-se a título de informação), mas até então nós a ofertamos pro mundo como souvenir. Esse pensamento menor tem que acabar! Temos que mostrar que somos grandes para que, dessa forma, não precisemos ir vender e sim fazermos com que os compradores venham buscar na nossa fonte. Sei que esse pensamento flerta um pouco com um devaneio filosófico utópico, mas concretamente é isso: ao invés de inveja, de querer ser melhor que o outro, se unir, sermos bons juntos, nos organizar, nos associar e criar possibilidades reais de deslanchar, todo mundo, artistas, empresários, mídias, governo, enfim, todos os segmentos, irmão!

     Temos um exemplo em Pernambuco, de um Estado "aqui do lado" que preserva suas identidades, manifestações populares e instiga artistas à mesclarem a música regional à seu estilo. A força da música que surge como resultado é tão forte que artistas constantemente são produzidos e ganham espaço nacionalmente, tanto na música de mainstream, com Lenine, Geraldo Azevedo e companhia, quanto na música underground de Mombojó, Mundo Livre SA e etc. Em Alagoas, terra de Djavan e Hermeto, temos a tendência de valorizar aquilo que vem de fora e não a arte local. Porquê?

     Acho que pra te responder isso eu repito a resposta que dei à pergunta anterior. Pernambuco chegou nesse estágio que sugeri que nós alagoanos façamos. Eles têm força midiática, força a nível nacional. Então quando surge qualquer besteira que seja de PE já se bate o olho porque é de PE, entendeu?      
     Eu sei bem como é porque toda minha família, materna e paterna, é pernambucana, e eu cresci minha vida toda lá, minha formação educacional e cultural é de lá, e sei de perto que é forte mesmo! Voltei pra morar em AL quando já tinha 19 anos. Mas mesmo tendo sido criado lá eu sempre busquei estudar e estar em contato com a cultura de onde sou oriundo, a cultura alagoana. Por isso costumo dizer que sou “alabucano” (risos). O som que faço é universal, mas tem formação nas raízes nordestinas, pernambucanas e alagoanas principalmente, afinal, tudo que é universal é proveniente de alguma região. E eu não medirei esforços no que eu puder contribuir para que a cultura do Estado de AL, que prezo tanto, deslanche. 



Contatos:

Pedro Ivo Euzébio
Telefone: + 55 82 8824 1313

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mês do Rock (parte 1)

(por @lu_mi_la)


1957 – Elvis Presley – Jailhouse Rock
     
     A alcunha de ‘rei do rock’ faz Elvis Presley dispensar apresentações. Conhecido tanto pela poderosa voz, que possuía uma extensão impressionante e rara nos cantores populares, quanto pela sua dança extravagante, que lhe valeu o apelido de Elvis the Pelvis, Presley foi um dos primeiros expoentes do rock’n’roll e também um dos criadores do rockabilly, primeira vertente do gênero recém-nascido.
     Numa época de extremo conservadorismo, em que o rock era, exclusivamente, música de negros, Elvis venceu os preconceitos e a polêmica e despontou entre os maiores nomes da música popular americana e como o maior hitmaker da história da música.
    Jailhouse Rock foi, além de canção homônima de um filme estrelado pelo cantor, uma das mais expressivas músicas de Elvis Presley. Lançada em 1957, imediatamente tornou-se um hit e, hoje, ocupa o 67º lugar entre as 500 maiores canções de todos os tempos da Rolling Stone e integra a lista das 500 canções que abalaram o rock’n’roll, do The Rock and Roll Hall of Fame.






1958 – Chuck Berry – Johnny B. Goode


     Apontado por muitos como um dos ‘pais’ do rock’n’roll, Chuck Berry inspirou diversas gerações de roqueiros, sobretudo os que fizeram parte da British Invasion da década de 60. Ele gravou mais de 30 canções que integraram a lista dos Top Ten nos Estados Unidos e, entre seus clássicos, estão Roll Over Beethoven e Sweet Little Sixteen, regravadas por muitos e muitos artistas predecessores.
     Johnny B. Goode, de 1958, tornou-se uma das mais populares canções da década de 50. Seu solo de abertura é um dos mais famosos da história do rock’n’roll e a canção ganhou versões cover de diversos grandes nomes do gênero, como o AC/DC, The Beatles e Aerosmith. Em 2008, Johnny B. Goode foi considerada, pela revista Rolling Stone, o primeiro lugar na lista das 100 maiores canções de guitarra de todos os tempos e a Guitar World deu-lhe o 12º lugar na categoria dos 100 maiores solos de guitarra.




1963 – The Beatles – I Want to Hold Your Hand


     Escolher as canções mais expressivas dos Beatles é, certamente, uma missão difícil. São dezenas de músicas tidas como revolucionárias no repertório desta que, até hoje, é considerada a maior banda de todos os tempos. O quarteto de Liverpool promoveu mudanças não apenas na forma de se fazer o rock, mas na mentalidade da juventude da década de 60 e no que dizia respeito à liberdade criativa. Os Beatles foram a mola motriz para a invasão britânica do rock’n’roll, ritmo americano que havia contagiado os ingleses, sedentos de novidade em seu cenário musical.
     I Want to Hold Your Hand, single de 1963, é uma canção de harmonia simples, porém contagiante. Foi considerada o marco 0 da beatlemania nos Estados Unidos por ter sido a primeira canção dos ingleses a alcançar o primeiro lugar na Billboard. Tocada pelos Beatles, em sua primeira visita à terra do Tio Sam, na antológica apresentação no The Ed Sullivan Show, quebrou recordes de audiência e levou o público à loucura.





1965 – Bob Dylan – Like a Rolling Stone


     Bob Dylan é considerado uma lenda viva do rock’n’roll. Consagrado pela folk music, este americano de Minnesota influenciou diretamente grandes nomes da música nas décadas de 60 e 70 e é tido, hoje, como o segundo maior artista de todos os tempos (Rolling Stone), perdendo apenas para os Beatles. Do folk ao gospel, Dylan foi o responsável por diversas das canções mais influentes do rock, como Blowin’ in the Wind, Mr. Tambourine Man e Knocking on Heaven’s Door.
     Like a Rolling Stone é uma das mais famosas e representativas canções de Bob Dylan. Com mais de seis minutos de duração, o que, para a época, era inovador e ousado, com uma letra extensa e reflexiva, foi considerada, em 2004, pela Rolling Stone, a maior canção de todos os tempos, com a declaração de que “nenhuma outra canção pop confrontou e transformou tão completamente as regras comerciais e as convenções artísticas da sua época”. Além de ter sido reinterpretada várias vezes pelo próprio Dylan junto a artistas como os Rolling Stones, Like a Rolling Stone também ganhou versões covers de diversos roqueiros, como os próprios Stones, Jimi Hendrix e B.B. King.






1965 – The Rolling Stones – (I Can’t Get No) Satisfacion


     Os Rolling Stones são uma das mais antigas bandas ainda em atividade. No mundo da música desde 1962, calcaram sua sonoridade no blues e foram considerados, junto aos Beatles, como a mais importante banda da British Invasion, que levou o rock inglês aos Estados Unidos e foi responsável por revoluções nas atitudes da juventude. Com diversos sucessos emplacados, ao exemplo de Sympathy for the Devil, Angie e Wild Horses, os Stones derrubaram polêmicas, preconceitos e diversos entraves (como as drogas e disputas internas de ego) ao longo das décadas e, hoje, alcançaram o título e o legado de estarem entre as mais populares bandas de rock’n’roll.
     Satisfaction, de 1965, foi um grande sucesso da banda. Cerceada de polêmica, pelo apelo sexual em sua letra, foi a primeira canção do grupo a alcançar o primeiro lugar nas paradas americanas. No Reino Unido, foi a quarta primeira posição dos Stones. Em 2004, recebeu da Rolling Stone o segundo lugar na lista das 500 maiores canções de todos os tempos.






1965 – The Who – My Generation


     A irreverente The Who fez parte da invasão britânica da década de 60. Famosos pelo dinamismo em suas apresentações, pelo pioneirismo em muitos estilos, sobretudo na ópera rock, e pela destruição dos instrumentos musicais após cada apresentação, The Who fez história no rock’n’roll e também integra a constelação das maiores bandas de todos os tempos.
    My Generation, do álbum de estréia homônimo, consta não apenas como das mais reconhecidas canções do grupo, mas como um hino, uma das mais destiladas declarações de rebeldia juvenil. O gaguejar do vocalista Roger Daltrey e a frase ‘I hope I die before I get old’ viraram marca registrada da banda. Na lista da revista Rolling Stone, My Generation ocupa o 11º lugar na lista das 500 maiores canções de todos os tempos, além de integrar também a lista das 500 canções que marcaram o rock’n’roll do The Rock and Roll Hall of Fame.






1966 – The Beach Boys – Wouldn’it be Nice?


     Responsáveis por uma das obras primas da música pop, o álbum Pet Sounds, os californianos do Beach Boys foram uma resposta ou uma tentativa de rivalizar a onda britânica que invadia os Estados Unidos. A marca registrada da banda era a surf music dos seus primeiros anos de atividade, com harmoniosos arranjos vocais e uma levada bastante up. Apesar da turbulência que o grupo enfrentou durante sua existência, como, por exemplo, problemas relacionados à banda, o afastamento do vocalista Brian Wilson após o Pet Sounds e as mortes de dois dos integrantes originais, os Beach Boys legaram à música pop alguns dos primeiros traços de psicodelismo que vieram a se tornar matriz das canções de toda uma década.
     Wouldn’t it be Nice é o cartão de visitas do Pet Sounds, álbum inspirado pela vontade de Brian Wilson em quebrar paradigmas e rivalizar diretamente com o Rubber Soul, dos Beatles. Com uma melodia bastante ingênua, a música fala sobre a frustração das limitações de ser jovem e, tão logo foi lançada, tornou-se sucesso imediato e, por ser uma das mais populares canções do grupo, alcançou sucesso em todas as suas reedições. O álbum Pet Sounds, devido a seu caráter inovador e ousado, foi inspiração direta para o Sgt. Pepper’s, dos Beatles, e responsável por uma revolução na forma de fazer música.








1967 – Steppenwolf – Born to be Wild


     Com uma história permeada de idas e vindas e muitas mudanças de formação, o Steppenwolf carrega o legado de ter composto um dos maiores hinos do gênero rock e de ter inaugurado, ou impulsionar a criação, de uma das vertentes mais prolíferas e revolucionárias do rock: o heavy metal.
     Com um riff clássico e tida como um hino dos motociclistas e roqueiros do fim da década de 60, Born to be Wild foi a canção tema do filme Easy Rider e guinou o Steppenwolf para a fama mundial. Além disso, foi nessa música que o termo heavy metal foi mencionado pela primeira vez associado ao rock. Para muitos críticos, Born to be Wild foi a primeira canção de heavy metal da história.






1967 – The Doors – Light my Fire


     Talvez a polêmica e os escândalos envolvendo o líder da banda, Jim Morrison, tenham sido dois dos fatores determinantes para a fama do The Doors. Mas nada ofusca o caráter legendário ao redor do grupo, que aliou os clássicos blues e jazz a ritmos alternativos e criou uma marca registrada, para a qual a poderosa voz de Jim Morrison foi o referendo. Curiosamente, o interesse do público pela banda elevou-se mais ainda com a sua dissolução, em 1972, após a misteriosa morte de Morrison, e, anualmente, os Doors vendem dois milhões de álbuns e consolidaram canções como Riders on the Storm e People Are Stranger.
     Light My Fire é a canção título do primeiro álbum dos Doors. Composta pelo guitarrista Robby Krieger e por Morrison, durava, originalmente, 6 minutos, mas foi encurtada sob ordens do empresário da banda. Tornou-se um hit, conduzindo os Doors para a fama e firmando posto como um dos hinos da geração do fim da década.





1968 – The Beatles – Helter Skelter


     Paul McCartney ouviu, no rádio, Peter Townshend referindo-se à canção I Can See for Miles como a mais suja e barulhenta que o Who já havia feito. Não a julgou suja o suficiente e decidiu compor aquela que viria a ser considerada uma das primeiras canções de heavy metal/hard rock da história, Helter Skelter. A música dividiu a crítica, mas agradou a maior parte dos fãs. Recebeu versões cover de bandas como o U2 e o Aerosmith e foi considerada, pela revista Q Magazine, a 5ª melhor canção na lista das 100 maiores músicas de guitarra.