Mês do Rock

Confira uma lista das músicas que moldaram o gênero (lançado periodicamente, em partes)

Entrevista: Vitor Pirralho

O Ouvido Interativo entrevistou um dos artistas mais inventivos de Alagoas, confira!

Biografia: Djavan

Da boca do beco ao azul, a vida e obra de um dos gigantes da MPB

Grandes ÁLbuns: Led Zeppelin IV

Conheça um dos maiores álbuns da história do rock aqui no Ouvido Interativo!

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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Chico Buarque - Imagina

     Imagina é uma música ímpar dentro da nossa MPB. Fruto de uma parceria que nunca poderia dar errado, a peça foi criada com letra de Chico Buarque, com harmonização de Tom Jobim. Grandiosa, desenvolve-se em andamento de valsa, desfila cromatismos e caminha por melodias inusitadas, ora repetidas no piano, ora sobre orquestrações brilhantes, a música vai crescendo em tensão. Bela, acaba em seu apogeu sonoro, em uma cadência de força magnífica.
     Em um poema, Carlos Drummond de Andrade deseja as melhores coisas da vida à alguém querido. Dentre seus versos, escreve: "Desejo à você música de Tom com letra de Chico". Sim, ouvir Imagina é uma das melhores coisas da vida!

Alan Holdsworth - Proto Cosmos

     Alan Holdsworth é um dos nomes que automaticamente nos faz pensar em originalidade. Fã de instrumentos como o saxofone e o piano, o guitarrista dedicou sua carreira a tentar "simular" a tocabilidade de tais instrumentos na guitarra. Para isso, estudou incessantemente o livro de Nicholas Slonimsky, Thesaurus of Scales and Melodic Patterns e nele aprendeu intervalos e digitações um tanto quanto inusitadas.
     Além de toda tocabilidade fantástica, a música de Holdsworth está na vanguarda do Fusion, com tempos "quebrados", harmonias incrivelmente elaboradas, como a de Proto Cosmos, que você confere agora:


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Guthrie Govan - Wonderful Slippery Thing

     Dotando de uma musicalidade peculiar Guthrie Govan é um dos guitarristas mais inovadores do fusion atual. Brincalhão, o guitarrista desfila passagens dificílimas de serem executadas, como slaps rápidos na guitarra, arpejos com tapping em um timbre bastante clean, frases com legato em uma velocidade incrível, dentre outras, com uma naturalidade que assombra! Tudo isso com músicas extremamente bem compostas e improvisos magníficos. Duvida? então ouça a música abaixo, do show do guitarrista em Seoul:


entrevista: Irina Costa

Irina Costa, foto por Flávia Correia.


      Dona de uma das melhores e mais versáteis vozes de Maceió, a cantora Irina Costa navega por vários estilos primorosamente. Nascida em Angola, mas brasileira e alagoana de coração, a cantora já participou de vários concursos musicais. Dentre eles, venceu o Lusavox por escolha do público e se apresentou no canal RTPi para mais de 141 países.
     Em entrevista exclusiva para o blog Ouvido Interativo, a musicista fala sobre sua vida, seus projetos musicais, Comusa e aspirações futuras:

(por @lud_mi_la)    

Quais as suas influências musicais?

     Sou muito eclética. Graças a Santa Cecília, padroeira da música (risos). Nasci numa família musical. Meu avô, por parte de mãe (já falecido), tocava acordeon e piano. Minha mãe também e ainda cantava. Por isso cresci num ambiente onde se ouvia de tudo: fado, MPB, bossa, Jazz, blues samba, country music, folk... A minha família é muito musical. Lembro-me de cantar desde os 04 anos. E gostava de vários estilos. MENOS do fado. 
     Na adolescência, a paixão era o rock 'n´ roll. E isso continua refletido na MDM - banda em que sou vocalista, também. Com a maturidade e o falecimento do meu avô, redescobri Portugal e o fado. Hoje, a música portuguesa faz parte de mim. 

Há alguma forma de permear o fado entre os muitos estilos de música brasileira?

     Sim. Eu faço isso a medida em que canto fado sem a guitarra portuguesa, dando nova roupagem. E não só. Uma cantora brasileira, a Mylene Pires, editou um CD com regravações dos Madredeus (que não é fado, mas que tem a mesma melancolia) e transformou aquelas canções em samba, bossa, marchinha carnavalesca, etc.
     Ah! No Brasil, o Fado é um bailado de origem afro-brasileiro. Herança cultural deixada pelos escravos que vieram da África para trabalhar nos canaviais da região. Mas isso é uma outra história...

E quanto à cantora, existe uma Irina brasileira?

     Existe mais do que isso. Existe uma Irina transita entre dois mundos; mas, sobretudo, existe uma Irina que respira e vive música. Seja para o que for. Trabalho, dirijo,acordo e adormeço com música. Falo através da música. A minha vida é uma trilha sonora.

Há quanto tempo você canta?

     Desde que me entendo por gente! (risos). Mas, a sério, há 10 anos.

Como é a receptividade do público alagoano e brasileiro ao fado?

     Muito boa. O fado (e a música portuguesa) arrebatam o coração, porque falam de sentimento, falam da alma e para a alma, falam do amor, da sina. E, ao contrário do que se pensa, tenho cada vez mais gente jovem na platéia. Porque a juventude tem uma urgência nas palavras e na expressão. O fado também.

Qual a sua opinião a respeito da cena musical alagoana?

      Incrivelmente produtiva, ávida por espaço, inquieta, talentosa. Temos mais é que nos orgulhar do que é produzido na nossa Alagoas. Olhar para o umbigo. E o que me encanta é perceber que essa mesma inquietação e esse talento-monstro  não deixa esmorecer esses alagoanos, nascidos ou de coração, que nos brindam com música de primeira qualidade, projetam Alagoas, ainda que com toda a dificuldade. Porque possibilidades existem.  



E quanto à Comusa, como ela atua entre os músicos alagoanos? Qual a importância da Cooperativa?

     A Comusa vem para formalizar o trabalho musical, onde os artistas cooperados passam a ser agentes de um processo de transformação no cenário musical de Alagoas, com o objetivo de fomentar a formação de rede entre os cooperados, minimizar a ação de intermediários e distribuir renda tendo por base a autogestão, trocando experiências e compartilhando de um ideal coletivo: DIVULGAR A MÚSICA PRODUZIDA EM ALAGOAS e levá-la ainda mais longe.
     A Cooperativa visando o fortalecimento da categoria nasce como um novo paradigma de organização da classe musical, para atuar nas esferas nacional e internacional, contribuindo com a construção de políticas públicas relacionadas à cadeia produtiva da música, tendo como principais metas: a ampliação de redes, a intercooperação entre as cooperativas de música, a difusão e circulação da música produzida em Alagoas no Brasil e no exterior, divulgação da música autoral em veículos de comunicação como rádios, internet e televisão, qualificação e profissionalização dos integrantes da cadeia produtiva da música, contribuição para que os programas de educação musical, para professores e músicos, sejam multiplicados, estimulação e implementação de iniciativas de economia solidária para o mercado da música.

Em que projetos musicais você já atuou?

     Para citar alguns: Lusavox. Mulheres que dizem sim. Outubro ou Nada. O Livro das Emergências. Abertura Nacional da Exposição "Destinos do Fado" do Pinto Português António Carmo. Gravei a participação  no CD "Cantores Alagoanos e suas músicas favoritas". E, ainda no forno, participação no CD do Junior Almeida com sua "tal sol, tal homem, tal maria" (guardada a sete chaves).

Que momento mais marcou sua carreira?

     Vencer o Lusavox (escolhida pelo público) - concurso internacional promovido pela RTPi (Televisão Portuguesa) e o Ministério dos Negócios Estrangeiros - transmitido, ao vivo, para mais de 141 países, representando o Brasil e Alagoas com a música "O Cravo e a Rosa" do cantor e compositor alagoano Sóstenes Lima.

Você pensa em lançar sua música em alguma mídia como CD ou DVD?

     Quem canta quer e precisa ter um registro. Já pensei muito nisso. Ainda penso. Mas, hoje, diante da nova era que nos foi (im)posta, prefiro pensar num DVD. E é nisso que tenho firmado o pensamento. Também, claro, penso em continuar a divulgar a minha música, a música alagoana e  a  produzida em Alagoas, porque somos bons, pois temos boa música, boa gente e ótimos artistas e, sobretudo, porque a música une e quebra barreiras, eleva as pessoas, melhora o humor, enfim, faz bem à alma!


Contatos (clique para ser redirecionado):

segunda-feira, 6 de junho de 2011

The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band



(por @lud_mi_la)

Lançado em 1967, o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band é tido como o mais aclamado álbum da banda inglesa The Beatles, tanto pela crítica quanto pelo público. Considerado pela revista Rolling Stone como o melhor e mais influente álbum de rock de todos os tempos, o emblemático LP foi definido como um verdadeiro ícone do rock’n’roll e uma das obras mais significativas do século XX.
O disco surgiu, antes de tudo, da necessidade de inovar. Com sete álbuns lançados, o quarteto de Liverpool já mostrava, nas últimas duas produções (Rubber Soul e Revolver), um progressivo amadurecimento musical, com letras e melodias mais longas e complexas em lugar da ingenuidade do rock produzido no início da década de 60. Movidos pela ideia de criar algo inteiramente novo, como o mundo nunca havia visto até então, os Beatles passaram nove meses em estúdio para lançar aquele que seria o primeiro álbum conceitual da história do rock.
            O Sgt. Pepper’s nasceu numa época em que o mundo sofria profundas mudanças de ordem político-social, desenhadas sob a tensão da Guerra Fria. Os Estados Unidos invadiam o Vietnã, Martin Luther King Jr. liderava o movimento pelos direitos civis dos negros, a China de Mao Tsé-Tung promovia a Revolução Cultural. Era também o início da era hippie, o chamado ‘Verão do Amor’, quando a ideologia de paz e amor foi amplamente difundida pela juventude.
Os próprios Beatles, cansados da imagem que haviam criado, ansiavam por uma mudança. Eles decidiram então parar de vez com as exaustivas turnês, em que a histeria do público não permitia que eles escutassem a si mesmos durante os shows, e tornarem-se uma banda de estúdio. A mesma decisão que levou a crítica a condenar a banda ao fracasso, na afirmação de que uma banda de estúdio não sobreviveria à exigência do público, foi o fator responsável pela criação do álbum.
Pode-se citar como exemplo a faixa-título, Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, que é introduzida por ruídos de pessoas conversando e de uma banda afinando os instrumentos. A última frase da música diz ‘let me introduce to you the one and only Billy Shears’ e a faixa dois é inserida emendada na primeira, sem pausas ou os tradicionais segundos de silêncio que, em geral, dividem as faixas de um álbum – recurso que, aliás, é utilizado no Pepper como um todo.
A capa e as canções do Sgt. Pepper’s fomentaram os boatos que deram origem a uma das maiores conspirações do mundo pop: a de que Paul McCartney havia morrido num acidente de carro e que um sósia estaria em seu lugar. O álbum estaria repleto de mensagens subliminares que indicariam aos fãs que o baixista estava morto, e a capa seria uma verdadeira coleção delas. Há quem diga, por exemplo, que a foto representava um funeral, com mensagens subliminares, algumas sutis, outras não, que informavam a morte do Beatle e em que local estaria enterrado. Nenhum Beatle afirmou que as ‘pistas’ eram propositais, mas esta publicidade involuntária ajudou e muito o grupo na venda de seus discos.
Numa época em que vários nomes célebres da música estavam reinventando seu estilo de compor e gravar – como, por exemplo, Bob Dylan, Jimi Hendrix e o Led Zeppelin –, o Sgt. Pepper’s nasceu de uma competição criativa e influência mútua entre o líder da banda americana The Beach Boys, Brian Wilson, e Paul McCartney. Wilson sentiu-se desafiado a criar um álbum inovador após ouvir o Rubber Soul – álbum dos Beatles lançado em 1965 e considerado por muitos o divisor de águas na obra do quarteto britânico – que julgou o disco mais impressionante já feito. Surgiu então o Pet Sounds, lançado em 1966, cuja audição que inspirou e motivou os Beatles a criarem o Pepper.
Tanto o Pet Sounds quanto o Pepper, desenvolvidos com novas técnicas de gravação (oito canais ao invés dos quatro tradicionais, por exemplo) e inovadores no aspecto musical, com a inserção, por exemplo, de instrumentos clássicos na feitura do rock, algo impensado até então, causaram uma revolução no modo de pensar e produzir um álbum musical.
Em relação aos primeiros álbuns da banda, o Sgt. Pepper’s tinha pouco apelo comercial. Suas canções não são tão fáceis de executar ou cantar como canções antigas do grupo. Nas letras, o grupo reflete a liberdade vivenciada no momento. Da psicodelia, ao surrealismo, à revolta e ao amadurecimento. Destacam-se no álbum:

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band:


A primeira faixa do oitavo álbum da banda inglesa começa com ruídos de uma platéia. Logo em seguida, surge uma guitarra que, ao ser ouvida, já anunciaria o ar de novos rumos que a banda estava tomando. A última frase da música fala "Conheçam Billy Sheers", suposto cover de Paul McCartney, que havia morrido segundo teorias conspiratórias de fans:



With a Little Help From My Friends:


Um pouco mais "na pegada" dos Beatles, With a Little Help From my Friends  foi composta por McCartney e cantada por Ringo Starr. A música fala sobre dificuldades e a importancia da ajuda de amigos para transpô-las. A canção ganhou um arranjo poderoso e visceral na voz do cantor Joe Cocker, cuja apresentação mais marcante é exatamente com esta música, no Woodstock 1969:



Lucy in the Sky With Diamonds:


Frequentemente atribuída ao LSD (cujas iniciais, inclusive, citam o nome da droga), Lucy in The Sky With Diamonds é uma das mais significativas músicas do álbum. Seu conteúdo é pura psicodelia, da melodia inicial da guitarra à letra:
"Picture yourself in a boat on a river
With tangerine trees and marmalade skies
Somebody calls you, you answer quite slowly
A girl with kaleidoscope eyes
Cellophane flowers of yellow and green
Towering over your head
Look for the girl with the sun in her eyes
And she's gone".


Apesar das possíveis alusões à droga, a música, segundo Lennon, surgiu de uma fotografia de uma amiga de seu filho, Julian (para o qual, um ano mais tarde, McCartney comporia Hey Jude), chamada Lucy Vodde.



A Day in The Life:


A day in the life surgiu de duas letras incompletas: uma, a letra que Lennon havia composto, com começo e fim, mas sem meio; outra, de McCartney, com meio, mas sem começo e fim. A música conta com partes instrumentais ruidosas, feitas por 40 músicos de orquestra e com 4 overdubs, para gerar um efeito semelhante ao de 160 músicos tocando. Em seguida, um toque de despertador anuncia a entrada da parte de Paul, que começa com "woke up, fell out of bed" (acordei, caí da cama) e finaliza com a volta de John seguida pelo overdub instrumental, acabando em um acorde de piano:




Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band, mais que um álbum, é um artefato contracultural que quebrou paradigmas e deixou como legado, além de uma forma inteiramente nova de pensar e elaborar um álbum, todos os traços que permeiam a vanguarda pop atual.