segunda-feira, 14 de março de 2011

Entrevista: Banda Eek


     Velha conhecida dos apreciadores de música alternativa de Alagoas, a banda Eek é formada por Diogo Braz (voz e guitarra); Wagner Sampaio (voz e guitarra solo); Christophe Lima (bateria); Leo "Tarja - Preta" (baixo) e faz uma daquelas formas de arte difíceis de rotular. Portadora de um som que alterna influências, passeia entre estilos, une a música brasileira, de bares, violões e prosa urbana ao rock americano, de protestos e questões existenciais. 
     Em 2010, a banda lançou seu primeiro álbum em estúdio, intitulado "Fantasia de Equilibrista", que já foi premiado pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas, pelo Fundo de Desenvolvimento de Ações Culturais do estado e pelo prêmio Uirapuru de Música Brasileira, na categoria "Melhor Disco de 2010 - Voto do Público".
     A banda concedeu uma entrevista exclusiva ao Ouvido Interativo, que os leitores conferem abaixo:


A banda foi formada há quanto tempo?

Wagner Sampaio: A banda foi formada em 2003. A Eek teve várias formações até chegar nessa atual, que foi a formação que a fez sair do lugar (risos). Desde de 2009 a banda está com essa formação. 

Diogo Braz: Isso, a gente até começou como um trio: Christophe, eu e o Emmanuel Sapulha, que é o produtor do nosso disco. Muita gente bacana e amiga já fez parte da banda, mas você sabe como é, né? Os objetivos de cada um têm de se combinar. 

No cd "Fantasia de Equilibrista", a banda soa bastante influenciada por música internacional, como rockabilly, rock clássico, reggae, etc., mas não perde a "pegada"  brasileira. Quais são as principais influências dos músicos da Eek?

Wagner Sampaio: A Eek é uma “alquimia” musical, nós juntamos todos os sons que gostamos e fazemos experiência com eles. Particularmente, minha fonte de influências maior da música, é Pink Floyd.  

Diogo Braz: Na verdade, a gente tem mais divergência que consenso quando o assunto é influência musical (risos). Mas isso é bom, pois cada um traz uma marca bem pessoal pro som da Eek. Eu tento escutar bastante música, pesquisar, baixar na internet, mas acabo escutando mais aquilo que eu mais gosto, que é Rock. Atualmente tenho escutado Beatles, Supergrass, Deftones, And You Will Know Us by The Trail of Dead, Tulipa Ruiz, Nina Becker, Coisa Linda Sound System, Pearl Jam... e ansioso pelo disco novo da Mopho e da Cris Braun.

A banda sempre teve a música própria como primeiro plano ou vocês começaram tocado covers?

Diogo Braz: A banda nasceu de uma necessidade de criar mesmo! Eu e o Christophe estávamos tocando em uma banda de Pop Rock cover, dessas que animam a balada das pessoas nos bares e casas de shows da cidade. Mas estávamos insatisfeitos com o fato de não podermos criar nossos sons, nossas próprias canções. Aí, largamos a banda e decidimos começar um projeto autoral. A Eek já nasceu com essa proposta de fazer música própria. Sempre fomos meio resistentes em fazer cover. No começo, a gente colocava um ou dois covers no repertório, mas acabamos deixando isso de lado e já faz um bom tempo em que tocamos apenas nossas próprias canções nos shows.

Como é o processo de composição da banda? vocês compõem juntos? existe uma pré-determinação de horário para compor, ou como a música deve soar estilisticamente... ou é simplesmente a inspiração que dita as regras?

Wagner Sampaio: Cada um cria sua música em casa, chega no estúdio durante um ensaio, e apresenta essa nova ideia, a banda toda ouve e "molda" a música, conforme os gosto de cada um, até virar uma música pra Eek.

Diogo Braz: Isso. O processo começa individual, quando alguém faz letra, música e estrutura da canção, e depois fica mais participativo, quando a banda cria os arranjos nos ensaios. Não há essa preocupação com o estilo, você disse tudo: a inspiração é que dita as regras!

O prêmio Uirapuru de melhor disco - voto do público deve vir com um gosto especial para vocês e, especialmente se considerarmos que o segundo lugar também foi conquistado por uma banda da terra, traz alguns questionamentos: porque temos uma cena tão escassa em uma terra com tantos artistas talentosos?

Wagner Sampaio: Por alguma razão, o público daqui criou um hábito de dar mais valor a bandas ou artistas solo que vêm de fora, não acreditando fielmente que algum artista daqui tenha algo bom a mostrar, até ele ter alguma consagração ou vitória durante o caminho que percorre...

Diogo Braz: Acho que existem vários fatores que formam essa cena incipiente: Há essa coisa que o Wagner falou do público não levar muita fé na produção local... Mas isso é um ciclo, não é? Vivemos num estado com os menores investimentos em cultura do país. Prefeituras e governo, além de não investir, emperram mecanismos como Leis de Incentivo Fiscal, o funcionamento dos conselhos de cultura... O poder público tem o papel fundamental de fornecer cultura ao seu povo, mas tem falhado feio. Fora isso, a iniciativa privada daqui é covarde: é coisa rara um empresário patrocinar eventos de cultura, mesmo sabendo como é bom ter a imagem de sua empresa associada à promoção de cultura e lazer para a sociedade... 
Mas eu sempre acredito que a gente está caminhando pra frente, mesmo que lentamente. Vejo um crescente interesse dos artistas e produtores culturais em fazer uma cena sustentável. Como exemplo disso, temos a criação do PCult em Alagoas, integrado com um movimento nacional apartidário, que vem se reunindo e buscando parcerias e soluções para esse descaso cultural; temos uma cooperativa de músicos (Comusa); um fórum permanente de cultura, mais ligado a movimentos de cultura popular, enfim: movimentos que buscam pressionar o poder público para que esse cumpra o seu papel, mas também movimentos que buscam capacitar o artista para que ele não dependa dessa "boa vontade" política. Creio que o momento é de arregaçar as mangas, deixar de reclamar e fazer!

Em Pernambuco, temos o exemplo do frevo, que é considerado patrimônio cultural do estado e influencia todos os músicos locais, mesmo que não sejam de instrumentos tradicionais do ritmo, como o guitarrista pernambucano Fred Andrade. Em Alagoas, temos o exatamente o inverso desta cena (por exemplo o Fandango, ritmo local que só tem um grupo como expoente e logo deixará de existir). Como podemos lutar para mudar os valores de uma sociedade que não valoriza a própria cultura?

Wagner Sampaio: Ai já é uma questão mais política do que social. Talvez se a prefeitura ajudasse mais, investindo em eventos de maior proporção musical e esquecendo, um pouco, só um pouco, de focar somente em bandas de forró, quem sabe?

Diogo Braz: Pois é, é uma questão cíclica. Acredito que faltam políticas públicas de promoção de cultura e investimento do setor privado nessa área. Se houver isso, num trabalho de médio ou longo prazo, Alagoas se torna fácil num dos maiores expoentes de cultura do país, há muita gente talentosa por aqui!

O álbum "Fantasia de Equilibrista" traz, em músicas como "Contando as Horas", "Paranóica", "Aquele Velho Starsax" e "Fantasia de Equilibrista", tudo que estes músicos talentosos têm de melhor: um verdadeiro passeio onde sobra arte e faltam rótulos. Música para ser ouvida por aqueles que anseiam por algo que parece raro hoje em dia: sinceridade!

                                                                       

LINK PARA DOWNLOAD DO ÁLBUM FANTASIA DE EQUILIBRISTA:

Contatos:
Imprensa: Diogo Braz (82) 9972-2058 | Contrato: Christophe Lima (82) 9316-1537
Técnica: Wagner Sampaio (82) 9973-6093 | Logística: Leo Almeida (82) 9312-7970
e-mail: eek_banda@yahoo.com.br

Eek na web:





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