Mês do Rock

Confira uma lista das músicas que moldaram o gênero (lançado periodicamente, em partes)

Entrevista: Vitor Pirralho

O Ouvido Interativo entrevistou um dos artistas mais inventivos de Alagoas, confira!

Biografia: Djavan

Da boca do beco ao azul, a vida e obra de um dos gigantes da MPB

Grandes ÁLbuns: Led Zeppelin IV

Conheça um dos maiores álbuns da história do rock aqui no Ouvido Interativo!

Vídeos - Tributos aos Temas do Super Mario!

Matéria especial para matar a saudade de um dos maiores games que já existiram!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Teoria Musical Básica 01 - "Os Sons Musicais"

AULA 01

OS SONS MUSICAIS:

    “O som é o efeito audível produzido por movimentos de corpos vibratórios” (CHEDIAK, Almir)
    Ao tocarmos a corda de um violão, pode-se notar que esta irá se movimentar de um lado para o outro, várias vezes por segundo. A esses ciclos por segundo, damos o nome de frequência (medida em Hertz – Hz).
     O ouvido humano é capaz de perceber sons que vão de 20 a 18.000 Hz e os mais utilizados na música ficam entre 32 e 4.000 Hz.

As propriedades do som:

1)    Altura – Trata-se de um som ser grave, médio ou agudo. A altura é determinada pela frequência: quanto maior o número de Hertz, mais agudo será o som.
2)    Intensidade – É a propriedade do som ser forte ou fraco. Pode-se tocar as notas com pouco volume (pouca intensidade) ou com muito volume (muita intensidade). Também podemos dizer que as notas podem ser tocadas com mais força ou com menos força. Ouve-se frequentemente pessoas falarem "toque mais alto", porém altura está relacionada à frequência e não ao volume do som.
3)    Timbre – É a qualidade do som. É o timbre que nos permite distinguir entre os sons do violão, piano, violoncelo, etc.
4)     Duração – É o tempo de produção do som. Trata-se o tempo que determinada nota ou acorde passa soando.

Sons com nomes!

    A música é constituída de sons (notas) e silêncio (pausas). Dentre os sons, temos as seguintes notas musicais:
DÓ, RÉ, MI FÁ SOL LÁ e SI.

Diagrama das notas musicais no piano.

    Estas podem ser utilizadas em vários ritmos, selecionadas em uma melodia (sucessão de sons) ou tocadas em uma harmonia (combinação de sons), como veremos mais adiante.

Do papel para o instrumento:

    Existem várias maneiras de representar os sons através da escrita notação musical, sendo a mais utilizada delas, a partitura. Numa partitura escrita para qualquer instrumento poderemos encontrar uma série de signos, tais como pentagrama, clave, figuras de tempo, figuras de pausa, sinais de alteração, etc. O pentagrama ou pauta são as cinco linhas horizontais onde se pode escrever música. Nela, pode-se escrever notas nas linhas e/ou nos espaços entre as linhas. Cada nota é representada por uma “bolinha” que chamamos de cabeça de nota, normalmente representadas em figuras de tempo que podem ser encontradas na imagem a seguir e que serão explicadas na aula seguinte.


Notas na partitura: supondo-se que a primeira nota seja o dó, teremos o ré na segunda nota, o mi na terceira, fá na quarta, sol na quinta, lá na sexta, si na sétima e o dó novamente na oitava nota.

    Como pudemos observar, foi preciso esclarescer na legenda qual a primeira nota para que possamos achar todas as outras seguintes. Isso acontece porque o pentagrama sozinho não tem nenhum elemento que fixe a altura das notas musicais. Para isso, precisamos das claves...


Teoria Musical Básica

SEJAM BEM-VINDOS!


     A partir de agora, encontraremos neste blog um minicurso de teoria musical básica, para aqueles que sentem falta de uma maior aprofundamento na área. Feito de forma dinâmica, a fim de facilitar o acesso e a compreensão de todos, o curso é dividido em cinco aulas, tem linguagem acessível e utiliza-se de exemplos em imagens, áudio e/ou vídeo, com o intuito de melhorar a assimilação dos assuntos. É de grande importância que o aluno prossiga aula por aula, sem avançar até que tenha a certeza de ter assimilado o conteúdo anterior.
    Um bom aprendizado para todos! 
                                                                                                                            
@leodamatta




sexta-feira, 25 de março de 2011

Entrevista: Fred Andrade


     Dono de um estilo que valoriza sua produção local, o guitarrista, violonista, compositor e professor Fred Andrade é um exemplo para a nova geração e mostra a vastidão da aplicabilidade que a guitarra possui. Dedicado à sua carreira solo há 11 anos, Fred navega pelo frevo, blues, jazz e rock mostrando maestria em sua obras, que servem de verdadeiros estudos para aqueles que valorizam a técnica a favor da musicalidade. Tal fato fez com que o músico ganhasse notoriedade, participando de várias Expomusic, uma das principais feiras de música da América Latina, com a presença de grandes artistas, nacionais e internacionais.
     Fred também já esteve presente em edições da revista Guitar Player e, recentemente, lançou o DVD Guitarra Pernambucana (que você compra clicando aqui!). Confira a entrevista que o mestre concedeu ao blog Ouvido Interativo:

Você começou os estudos com o rock, depois foi para o violão clássico, para o jazz e, depois, foi atraído pelo frevo. Quais são suas principais influências nessa viagem por estilos?

Poderia passar horas falando sobre músicos que me influenciaram. Comecei ainda muito novo tocando rock. Page, Beck e Tony Iommi viviam rodando no meu tocador de vinis. No jazz curti e curto muito Joe Pass, Django, Parker, Coltrane, George Benson... Nos frevos de rua os compostores que me chamam muito à atenção são Levino Ferreira, Nelson Ferreira, Carnera, Clóvis Pereira, Zumba. Na música erudita sou apaixonado pelos impressionistas. Nomes como Debussy e Ravel nunca faltariam em minha lista de preferências. Sou também apaixonado por Villa Lobos e Igor Stravinsky.

Quantos álbuns você possui? mesmo no primeiro, o frevo já se mostrava como influência clara?

Os cds são Ilusões a Granel (2000), Mandinga ( Parceria minha com o batera Ebel Perrelli em 2002), Guitarra de Rua (2005), Farra de Anjo (2006), Noise Viola (com o grupo De nome Homônimo em 2007), Pele da Alma (2009); Acho que mesmo no Ilusões a Granel que é um disco bem mais Rock and Roll que os demais, já ficava claro o rumo que meu som iria tomar. Nele toco músicas como Sofrendo Baixinho e MaracaChadd, que já contém todos os elementos rítmicos e melódicos que mais tarde norteariam minha carreira.
  
Quais músicas você indicaria como uma espécie de "audição obrigatória" de frevo?

Último dia (Levino Ferreira), Duda no Frevo (Senô), Freio à Óleo (Zé Menezes), Luizinho no Frevo (Clóvis Pereira), Frevo da Meia Noite (Carnera), Gostosão (Nelson Ferreira), Perguntas e Respostas (Zumba), Picadinho (Artur Gabriel). Isso só pra citar alguns clássicos...



No dvd "Guitarra Pernambucana", existe uma música chamada "Tem um Beck aí?", onde encontramos trechos numa pegada blueseira e outros numa linguagem modal.
A música faz referência à Jeff Beck? Como ele influenciou seu modo de tocar?

A principal contribuição desse guitarrista pra mim é o fato dele construir seu som com poucos artifícios (pedais de efeitos, etc.). Tudo em Beck é muito orgânico e feito com as mãos e isso me fascina. Acho importante construir um solo estruturando-o como um texto para uma redação. Tem de ter um motivo inicial (tema), desenvolvimento e conclusão. Parágrafos devem ser abertos quando  necessário e o cuidado com a pontuação é fundamental. Beck tem tudo isso de sobra.

Algumas de suas músicas, como "Pau na Caneca" e "Febre do Rato" são bastante difíceis de serem executadas, servindo como verdadeiros estudos de técnica seja para a digitação da mão esquerda, o treinamento de escalas modais, como o lídio ou para aprimorar a palhetada.

Constantemente alunos me pedem para que eu mostre esses temas durante as aulas. Com certeza eles o fazem pela questão técnica que vislumbram nas mesmas, mas aos poucos também vão também entendendo outras nuances dessas composições. Pau na Caneca por exemplo, é um frevo com uma estrutura totalmente atípica do ponto de vista formal. Além disso esse tema tem melodia extraída do modalismo, o que não é nada comum no frevo. Fico muito feliz em poder fazer algumas músicas que sirvam de estímulo para estudos de sincronismo entre palheta e mão esquerda, mas que também possam falar algo mais inusitado.

Quais as similaridades harmônicas e melódicas do frevo com o jazz e o rock?


Nenhuma!! O frevo é uma música tonal, enquanto no Jjazz e no rock você tem algumas misturas entre os mundos tonal e modal. Na verdade, o que assusta no frevo é a velocidade e os tempos  que se encadeiam os acordes. Inclusive é importante frisar também que essas harmonias tradicionalmente são subliminares, pois ocorrem através do emaranhado resultantes das perguntas e respostas provocados pelos metais e palhetas. Não é necessário nenhum instrumento harmônico nas grandes orquestras.

Encontramos em mestres como Hermeto Pascoal um "regionalismo sofisticado", onde o baião, xote,etc. estão presentes, porém encontramos também cromatismos, harmonias sofisticadas e compassos "quebrados" (misto, misto composto, etc..). Quais cuidados um guitarrista que está começando a se interessar por frevo deve tomar para trazer a música para o seu universo sonoro, permanecendo dentro do estilo?

Sinto que o maior desafio é introduzir elementos que identifiquem o frevo em outros gêneros musicais sem precisar distorcê-los. Isso ocorreu com o blues. Sua linguagem foi difundida quando se encontrou e se misturou à outras prais sonoras de uma maneira bem sutil. Cada vez que  as pessoas dizem: Isso é meio blues (está soando blues), mesmo sem ser o estilo  principal daquele momento, penso que o blues ganha muitos pontos. Tenho mostrado aos alunos que isso é completamente fazível e que com o estudo fraseológico em cima da nossa música principalmente no que condiz as inflexões a gente pode chegar lá. Quero, antes de morrer, poder tocar um standard de jazz improvisando à minha maneira e  ouvir: "Olha, isso é meio frevo não é?". O grande barato é saber dosar os ingredientes que serão utilizados para as receitas.

Você pretende lançar uma viodeaula ou outra espécie de material didático?

Uma vídeo aula no sentido estrito da palavra não. O que pretendo fazer é a continuação desse primeiro DVD (Guitarra Pernambucana) que lancei ano passado. Nele existem algumas explicações e conversas informais sobre música, que podem clarificar o ouvinte sobre algumas coisas , mas o enfoque principal sempre é o "tocar". Pretendo sim terminar um livro que comecei já há bastante tempo. Esse material consiste num Songbook de vários frevos de rua de minha autoria e algumas frases com divisões características do gênero. Ainda tô segurando um pouco, pois quero disponibilizar esse material junto com outro cd meu que também está na agulha chamado Guitarra de Salão.




Quais são seus projetos atuais?

Lançar 3 cds que já estão concluídos e o livro de frevos.

Qual o equipamento que você utiliza em shows?

Eu uso uma guitarra signature que é a JC 160 Angel FA da Condor. Tenho dois Boards (PB12 da Landscape) . Num deles figuram o Box Of Rock da Zvex, o Reel Echo da Danelectro e o BOG que é um Fuzz da Deep Trip. Meu outro setup tem os pedais da Landscape que são o Echo Delay e o Organic Drive, além de um BB preamp do Xotic.

Em algumas músicas do DVD, encontramos instrumentos como o violão tenor. Você já faz as composições pensando na tocabilidade do instrumento ou adapta à ele por questões timbristicas?

Eu  possuo muitos intrumentos de corda. Tenho guitarra portuguesa, banjo, violão tenor, bandolim e vou compondo uma coisa aqui outra acolá especificamente para esses instrumentos, mas não ouso dizer que sei tocar de verdade nenhum deles. É uma coisa esporádica mesmo, mas que acho que dá uma boa dinâmica ao trabalho.

Vivemos uma atualidade onde a música digital está bastante presente no palco, corrigindo notas erradas, harmonizando uma melodia simulando outros instrumentos em MIDI(VSTs) ou amplificadores, timbres de guitarras famosas, efeitos (chorus, delay)virtuais, etc. Até que ponto você acha que o artista deve ser influenciado pela tecnologia atual? Soa mais "orgânico" fazer as músicas sem estes recursos?

Uma coisa que aprendi com o passar do tempo é que quanto menos processamento melhor para a música. Que tal ensaiar mais ao invés de ficar editando no estúdio, não é?

Quais artistas brasileiros você apontaria como grandes expoentes da música instrumental?

Heraldo do Monte, Hélio Delmiro, Guinga, Robertinho de Recife. Indo lá pra trás quero registrar minha admiração pelo maior instrumentista brasileiro de todos os tempos que foi o Garoto. Esse sabia tudo e mais um pouco!!

Pernambuco nos dá um exemplo de sociedade que valoriza sua cultura, o que geralmente não acontece em outros estados nordestinos, a excessão da Bahia. Porque, em uma região de cultura tão bela a sociedade vira as costas para a produção local e força artistas a irem morar no sudeste para tentar se destacar com a mesma arte que produzem aqui?

Infelizmente as gravadoras, revistas e tudo que se refere à indústria artísticofonográfica se concentra  lá embaixo do país. A realidade muda aos poucos (principalmente pelo fato das gravadoras quebradas), mas o processo é lento mesmo.



     Fred é professor do Conservatório Pernambucano de Música e do IFPE, na cidade de Belo Jardim, possui endorsement das guitarras Condor, produtos Landscape e cordas SG e tem vasta experiência em trilhas e jingles.

Contatos:

website oficial: http://www.fredandrade.com

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vídeos

   Em breve serão disponibilizados aqui alguns vídeos próprios, com transcrições de solos e lições de técnica para a guitarra e teoria musical. Aguardem!


@leodamatta.

Download: Gato Zarolho - Olho Nú Fitando Átomo

CLIQUE NA IMAGEM PARA BAIXAR

     Dona de um som "abrasileirado" e, ao mesmo tempo, imprevisível, com um quê de rock'n'roll e Chico Buarque, a Gato Zarolho é uma das bandas mais aclamadas pela crítica alagoana. Lançou, em 2009, seu primeiro Álbum, Olho Nú Fitando Átomo e atualmente trabalha em seu primeiro videoclipe em breve, com a música Inês é Morta.

MÚSICAS:
1 - Inês é Morta
2 - Alasca
3 - É Com Você e a Sorte
4 - O Mágico
5 - A Elegia do Duende que Perdeu Sua Fada
6 - Samba Safado Prum Dia Triste
7 - Farsa
8 - João Sakura
9 - Trajetória
10 - Fábula Trancosi
11 - Bossa Atômica.

MÚSICOS:

Giliane Santos (vocal)
Bruno Ribeiro (baixo)
Yuri Pappas (bateria)
Bruno Br (percussão)
Vitor Peixoto (guitarra)
Daniel Soares (percussão)
Marcelo Marques (voz e violão).

Download: Eek - Fantasia de Equilibrista

CLIQUE NA IMAGEM PARA BAIXAR

     A Eek vem conquistando espaço no cenário musical alagoano e brasileiro com seu rock irreverente e sem rótulos, que soa sob uma poética com letras do existencial cotidiano. O resultado é o premiado Álbum de estréia da banda, intitulado Fantasia de Equilibrista.

FAIXAS:

1 - Contando as Horas
2 - Deixa Tudo Como Está
3 - Paranóica
4 - Minha Vida de Cão
5 - Tempo
6 - Onde Quer Que Faça Sentido...
7 - Aquele Velho Starsax
8 - Oh! A Canção!
9 - Fantasia de Equilibrista
10 - Calendários
11 - O jogo do Curinga
12 - Farsa da Dor
13 - Chegando ao Fim
BÔNUS: Graphic Press Pack (Ficha Técnica, Letras, Fotos e Release)

Músicos:

Christophe Lima (bateria)
Diogo Braz (voz e guitarra)
Leo 'Tarja - Preta' (baixo)
Wagner Sampaio (guitarra solo e violão)

Convidados:

Emmanuel Miranda (baixo)
Peter Beresford (teclado)
Philipe 'Seixas' (backing vocal).

Entrevista: Luiz de Assis




     Fundador e porta-voz de um dos maiores fenômenos musicais no estado, a banda de reggae Vibrações, Luiz de Assis vem evoluindo cada vez mais seu trabalho solo, onde expande sua musicalidade à novos horizontes, porém, sem esquecer daquilo que o tornou um dos grandes compositores na música atual alagoana. Portador de um estilo peculiar, que remete às raízes afros de seu povo, Luiz fala ao ouvido interativo sobre reggae, inspirações, influências, auto-valorização e sobre a riqueza da nossa cultura.

Luiz, a quanto tempo você está no cenário musical de Alagoas?

13 anos.

Quais as suas principais influências?

Minha maior influência musical vem do reggae, que foi onde me inspirei para dar início à minha carreira musical, mas sempre ouvi muita mpb "das antigas" e soul através de meu pai que sempre foi um amante da música. No reggae, meus cantores prediletos são, entre outros, Bob Marley e Jacob Miller. Já em outros estilos, gosto muito de Djavan, Stevie Wonder, Tim Maia, Gilberto Gil, Cassiano e por aí vai...

Você sempre foi um artista conhecido pelas letras de crítica social e conscientização e admirado pelo ritmo de sua produção musical. Como você compõe? existe uma estrutura fixa  de composição (jeito de compor, rotina de composição) ou você prefere transcrever sem seguir regras?

Geralmente, começo pela letra, que foi o que despertou meu interesse pela carreira musical (no meu caso a música serve de veículo para a mensagem que eu quero passar). Muitas das vezes eu saio pela rua pensando na poesia que escrevi e aos poucos uma melodia surge cantando aquela história. Só de vez em quando é que a música pinta antes da letra.

Seu novo trabalho tem o título de "Chamada", uma chamada feita à que?


Na capoeira angola, a "chamada" é o momento em que um dos jogadores convida o outro para uma dança transe, para frente e para trás até que o jogador que convidou decida parar. Essa dança pode acabar com um golpe aplicado pelo jogador que convida ou simplesmente com uma esquiva até retornar ao jogo. A "chamada" simboliza a vida, que tem seus momentos tranquilos e também suas tempestades. "Chamada" é também o cântico xamã de evocação da boa energia, praticado pelos povos indígenas. então quando digo que esse show é uma "chamada" estou fazendo alusão aos meus ancestrais, com intenção de criar um elo entre o que foi, o que é e o que ainda será.



O Brasil e, em especial, o nordeste possui um quadro cultural imensamente regado pela cultura afro, no entanto, a sociedade só se interessa pela cultura massificada ditada por interesses de empresários, donos de rádio e canais de televisão, preferindo "virar as costas" para a produção local, sincera e rica, de artistas como Hermeto Pascoal, Chau do Pife e etc., para aplaudir aquilo vem "enlatado". Como o artista alagoano pode mudar isso?

Creio na auto-valorização como o primeiro passo para essa mudança. acredito que, se criarmos uma identidade, ficará mais fácil lutar por nossos direitos. Quem conhece meu trabalho sabe que canto com meu sotaque natural e isso é algo que a gente vê muito pouco por aqui. Não que isso seja a solução, mas a gente precisa se ver na tv, se ouvir no rádio e ter com o que nos identificar. Aí,  consequentemente, a gente vai ter com o que se orgulhar. Cheguei à conclusão de que, quando a gente é regional, desperta um interesse universal, e isso, há muito tempo nos é ensinado por estados como Pernambuco e Bahia. Está mais do que na hora da gente dar esse grito de liberdade. vamos ter orgulho da nossa cultura!


Você acha que a universidade tem papel fundamental em  difundir e incentivar a valorização da cena cultural alagoana? Isso acontece?

Acredito sim. Na universidade muita gente desperta para sua cultura, começando a valorizar o que antes era um íntimo desconhecido. De certa forma a universidade tem desempenhado esse papel há muito tempo, embora esse movimento seja muito mais dos alunos que da instituição em si. Na verdade, a universidade pode ser um grande cenário para essas  importantes revoluções.


Qual a principal diferença entre o trabalho do Luiz vocalista da banda Vibrações e do Luiz em carreira solo?

A diferença maior está nas linguagens musicais, já que meu trabalho solo não se restringe a um ritmo. Quanto à poética, no reggae a mensagem é direta, "na lata", já no meu trabalho solo a poesia é um pouco mais subjetiva.


Você acha que existem barreiras pra arte, ou devemos valorizar todas as culturas, estrangeiras ou não e procurarmos nos expandir para tudo aquilo que for bom?

Particularmente, parto do princípio da identificação. Se eu gosto de algo que ouço de outras culturas, inclusive estrangeiras, não vejo porque criar barreiras e deixar de incorporar essas influências ao meu trabalho, é claro que, sem esquecer e muito menos menosprezar minha origem.




Confiram a estréia de Chamada, o novo trabalho de Luiz de Assis no dia 25/03/11:



Destaques do trabalho solo de Luiz de Assis:
  • Abertura do show da cantora Vanessa da Matta em Maceió (2000);
  • Finalista do FEMUSESC, com a canção Razão e Emoção (2004);
  • Finalista do FEMUSESC, com a canção Ser Felizes (2007);
  • Finalista do FEMUSESC, com a canção Corpo Fechado (2008);
  • Vencedor da categoria Melhor Intérprete do Festival do Instituto de Música Zumbi dos Palmares, com a canção Força do Ser.
Página oficial de Luiz de Assis: http://luizdeassis.blogspot.com/

quinta-feira, 17 de março de 2011

Biografia: Hermeto Pascoal

     Dono de uma música mágica, sem barreiras, que une elementos de jazz, compassos de rock progressivo e ritmos da música regional brasileira, Hermeto Pascoal é um dos nomes máximos de nossa cultura. Inacreditavelmente subestimado em sua terra, o artista é uma verdadeira aula de música a cada peça, onde cada pequeno componente soa imprevisível. O trecho seguinte é retirado do site oficial de Hermeto, e todas as músicas, vídeos e imagens que compõem esta matéria foram liberadas pelo autor na internet:
  

BIOGRAFIA OFICIAL:

     Nascido em Olho d´Água e criado em Lagoa da Canoa, na época município de Arapiraca, estado de Alagoas, em 22 de junho de 1936, Hermeto Pascoal é filho de Vergelina Eulália de Oliveira (dona Divina) e Pascoal José da Costa (seu Pascoal). Foi no seu alistamento militar que colocaram o pré nome de seu pai como seu sobrenome.
     Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de "gerimum" (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas tocando com a água.


     O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o 8 baixos de seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais. Dessa forma, passou a tocar com seu irmão mais velho José Neto, em forrós e festas de casamento, revezando-se com ele no 8 baixos e no pandeiro.
     Mudou-se para Recife em 1950, e foi para a Rádio Tamandaré. De lá, logo foi convidado, com a ajuda do Sivuca (sanfoneiro já de sucesso), para integrar a Rádio Jornal do Commercio, onde José Neto já estava. Formaram o trio "O Mundo Pegando Fogo" que pegou fogo mesmo já na primeira vez em que tocaram, pois, segundo Hermeto, ele e seu irmão estavam apenas começando a tocar sanfona, ou seja,
eles só tocavam mesmo 8 baixos até então.
     Porém, por não querer tocar pandeiro e sim sanfona, foi mandado para a Rádio Difusora de Caruaru, como refugo, pelo diretor da Rádio Jornal do Commercio, o qual disse-lhe que "não dava para música".
Ficou nessa rádio em torno de três anos. Quando Sivuca passou por lá, fez muitos elogios sobre o Hermeto ao diretor dessa rádio, o Luis Torres, e Hermeto, por conta disso, logo voltou para a Rádio Jornal do Commercio, em Pernambuco, ganhando o que havia pedido, a convite da mesma pessoa que o tinha mandado embora.
     Ali, em 1954, casou-se com Ilza da Silva, com quem viveu 46 anos e teve seis filhos: Jorge, Fabio, Flávia, Fátima, Fabiula e Flávio. Foi nessa época também que descobriu o piano, a partir de um convite do guitarrista Heraldo do Monte, para tocar na Boate Delfim Verde. Dali, foi para João Pessoa, PB, onde ficou quase um ano tocando na Orquestra Tabajara, do maestro Gomes.
     Em 1958, mudou-se para o Rio para tocar sanfona no Regional de Pernambuco do Pandeiro (na Rádio Mauá) e, em seguida, piano no conjunto e na boate do violinista Fafá Lemos e, em seguida, no conjunto do Maestro Copinha (flautista e saxofonista), no Hotel Excelsior.
     Atraído pelo mercado de trabalho, transferiu-se para São Paulo em 1961, tocando em diversas casas noturnas. Depois de um tempo, formou, juntamente com Papudinho no trompete, Edilson na bateria e Azeitona no baixo, o grupo SOM QUATRO. Foi aí que começou a tocar flauta. Com esse grupo gravou um lp. Em seguida, integrou o SAMBRASA TRIO, com Cleiber no baixo e Airto Moreira na bateria. No disco do Sambrasa Trio, Hermeto já registrou sua música "Coalhada".
     Com o florescimento dos programas musicais de TV, criaram o QUARTETO NOVO, em 1966, sendo Hermeto no piano e flauta, Heraldo do Monte na viola e guitarra, Théo de Barros no baixo e violão e Airto Moreira na bateria e percussão. O grupo inovou com sua sonoridade refinada e riqueza harmônica, participando dos melhores festivais de música e programas da TV Record, representando o melhor da nossa música. Nessa época, venceram um dos festivais com "Ponteio", de Edu Lobo. Além disso, Hermeto ganhou várias vezes como arranjador. No ano seguinte gravou o LP QUARTETO NOVO, pela Odeon, onde registrou suas composições O OVO e CANTO GERAL.
     Em 1969, a convite de Flora Purim e Airto Moreira, viajou para os EUA e gravou com eles 2 LPs, atuando como compositor, arranjador e instrumentista. Nessa época, conheceu Miles Davis e gravou com ele duas músicas suas: "Nem Um Talvez" e "Igrejinha". De volta ao Brasil, gravou o lp "A MÚSICA LIVRE DE HERMETO PASCOAL", com seu primeiro grupo, em 1973.
     Em 1976, retornou aos EUA, gravou o "SLAVES MASS" e realizou mais alguns trabalhos com Airto e Flora. Com o nome já reconhecido pelo talento, pela qualidade e por sua criatividade, tornou-se a atração de diversos eventos importantes, como o I Festival Internacional de Jazz, em 1978, em São Paulo. No ano seguinte, participou do Festival de Montreux, na Suíça, quando é editado o álbum duplo HERMETO PASCOAL AO VIVO, e seguiu para Tóquio, onde participou do LIVE UNDER THE SKY. Lançou o CÉREBRO MAGNÉTICO em 1980 e multiplica suas apresentações pela Europa.


     Em 1982, lançou, pela gravadora Som da Gente, o lp HERMETO PASCOAL& GRUPO. Em 1984, pelo mesmo selo, gravou o LAGOA DA CANOA, MUNICÍPIO ARAPIRACA, onde registrou pela primeira vez o SOM DA AURA com os locutores esportivos Osmar Santos (Tiruliru) e José Carlos Araújo (Parou, parou, parou). Esse disco também foi em homenagem à sua cidade, que se elevou, então, à categoria de município e conferiu-lhe o título de Cidadão Honorário. Em 1986, o BRASIL UNIVERSO, também com seu grupo.
     Compôs ainda a SINFONIA EM QUADRINHOS, apresentando-se com a Orquestra Jovem de São Paulo. Em seguida, foi para Kopenhagen, onde lançou a SUITE PIXITOTINHA, que foi executada pela Orquestra Sinfônica local, em concerto transmitido, via rádio, para toda a Europa.
     Em 1987, lançou mais um LP: o SÓ NÃO TOCA QUEM NÃO QUER, através do qual o músico homenageia jornalistas e radialistas, como reconhecimento pelo seu apoio ao longo da carreira. Em 1989, fez seu primeiro disco de piano solo, o lp duplo POR DIFERENTES CAMINHOS.
    Em 1992, já pela Philips, gravou com seu grupo o FESTA DOS DEUSES. Depois do lançamento, viajou à Europa para uma série de concertos na Alemanha, Suíça. Dinamarca, Inglaterra e Portugal.
    Em março de 1995, apresentou uma Sinfonia no Parque lúdico do Sesc Itaquera, em SP, utilizando os gigantescos instrumentos musicais do parque. No mesmo ano foi a convite da Unicef para Rosário, Argentina, onde apresentou-se para 2.000 crianças, sendo que seu grupo entrou para tocar dentro da piscina montada no palco a pedido dele.
     De 23 de junho de 1996 a 22 de junho de 1997, registrou uma composição por dia, onde quer que estivesse. Essas composições fazem parte do CALENDÁRIO DO SOM, lançado em 1999 pela editora Senac/ SP:



 Em 1999 lançou o CD EU E ELES, primeiro disco do selo Mec, no Rio de Janeiro. Nesse CD produzido por seu filho Fábio Pascoal, Hermeto toca todos os instrumentos. Em 2003, lançou, com seu grupo, o cd MUNDO VERDE ESPERANÇA, também produzido por Fábio.
     Em outubro de 2002, quando foi dar um workshop em Londrina, PR, conheceu a cantora Aline Morena e convidou-a para dar uma canja no dia seguinte com o seu grupo em Maringá, PR. Em seguida ela foi para o Rio com ele e, no final de 2003, Hermeto passou a residir em Curitiba, PR, com ela. Assim, passou a dar-lhe noções de viola caipira, piano e percussão e, em março de 2004 estreou no Sesc Vila Mariana a sua mais nova formação: o duo "CHIMARRÃO COM RAPADURA" (gaúcha com Alagoano), com Aline Morena.
     Em abril de 2004, embarcou para Londres para o terceiro concerto com a Big Band local, sendo que o primeiro já havia sido considerado o SHOW DA DÉCADA. Em seguida realizou mais alguns shows solo em Tóquio e Kyoto.
     Em 2005 gravou o CD e o DVD "CHIMARRÃO COM RAPADURA", com Aline Morena, além de realizar duas grandes turnês com seu grupo por toda a Europa. O cd e o dvd de Hermeto Pascoal e Aline Morena foram lançados de maneira totalmente independente em 2006.


     Neste ano de 2010 está lançando o novo cd com Aline Morena, denominado "Bodas de Latão", em comemoração aos sete anos juntos na vida e na música! Esse cd contem duas faixas multimídias, gravadas às
margens do Rio São João, na estrada da Graciosa, em Morretes, Paraná. Além disso, conta com composições novas e antigas do Hermeto, uma composição e algumas novas letras de Aline e uma música de Astor Piazzolla.
     Atualmente, Hermeto Pascoal apresenta-se com cinco formações: Hermeto Pascoal e Grupo, Hermeto Pascoal e Aline Morena, Hermeto Pascoal Solo, Hermeto Pascoal e Big Band e Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Diz ele que, por enquanto, é só!! Esse é o nosso "CAMPEÃO"!!!


Obs. Público, shows e discos têm todos a mesma importância para o Hermeto. Não há melhor público, nem melhor show, nem melhor disco. São todos filhos muito amados por ele. Portanto, o que foi mencionado nessa biografia refere-se apenas a um resumo dos fatos que foram lembrados.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Andy McKee - Drifting

     Sabem um desses artistas que, ao tocar um instrumento por poucos minutos, deixa toda a platéia arrepiada? Pois esse é o caso de Andy McKee, americano que "bombou" no Youtube com sua música Drifting, que tem aproximadamente 37.500.000 visualizações. O motivo? Andy toca usando a famosa Touch Technique de Stanley Jordan, mas também faz sons percussivos ao longo da peça que, apesar de extremamente difícil, soa com a simplicidade e sinceridade de uma verdadeira obra de arte. McKee é tudo aquilo que nós, guitarristas, queremos ser quando crescer: criatividade e virtuose andando de mãos dadas, inteiramente dedicadas ao seu propósito máximo: fazer música!


segunda-feira, 14 de março de 2011

Entrevista: Banda Eek


     Velha conhecida dos apreciadores de música alternativa de Alagoas, a banda Eek é formada por Diogo Braz (voz e guitarra); Wagner Sampaio (voz e guitarra solo); Christophe Lima (bateria); Leo "Tarja - Preta" (baixo) e faz uma daquelas formas de arte difíceis de rotular. Portadora de um som que alterna influências, passeia entre estilos, une a música brasileira, de bares, violões e prosa urbana ao rock americano, de protestos e questões existenciais. 
     Em 2010, a banda lançou seu primeiro álbum em estúdio, intitulado "Fantasia de Equilibrista", que já foi premiado pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas, pelo Fundo de Desenvolvimento de Ações Culturais do estado e pelo prêmio Uirapuru de Música Brasileira, na categoria "Melhor Disco de 2010 - Voto do Público".
     A banda concedeu uma entrevista exclusiva ao Ouvido Interativo, que os leitores conferem abaixo:


A banda foi formada há quanto tempo?

Wagner Sampaio: A banda foi formada em 2003. A Eek teve várias formações até chegar nessa atual, que foi a formação que a fez sair do lugar (risos). Desde de 2009 a banda está com essa formação. 

Diogo Braz: Isso, a gente até começou como um trio: Christophe, eu e o Emmanuel Sapulha, que é o produtor do nosso disco. Muita gente bacana e amiga já fez parte da banda, mas você sabe como é, né? Os objetivos de cada um têm de se combinar. 

No cd "Fantasia de Equilibrista", a banda soa bastante influenciada por música internacional, como rockabilly, rock clássico, reggae, etc., mas não perde a "pegada"  brasileira. Quais são as principais influências dos músicos da Eek?

Wagner Sampaio: A Eek é uma “alquimia” musical, nós juntamos todos os sons que gostamos e fazemos experiência com eles. Particularmente, minha fonte de influências maior da música, é Pink Floyd.  

Diogo Braz: Na verdade, a gente tem mais divergência que consenso quando o assunto é influência musical (risos). Mas isso é bom, pois cada um traz uma marca bem pessoal pro som da Eek. Eu tento escutar bastante música, pesquisar, baixar na internet, mas acabo escutando mais aquilo que eu mais gosto, que é Rock. Atualmente tenho escutado Beatles, Supergrass, Deftones, And You Will Know Us by The Trail of Dead, Tulipa Ruiz, Nina Becker, Coisa Linda Sound System, Pearl Jam... e ansioso pelo disco novo da Mopho e da Cris Braun.

A banda sempre teve a música própria como primeiro plano ou vocês começaram tocado covers?

Diogo Braz: A banda nasceu de uma necessidade de criar mesmo! Eu e o Christophe estávamos tocando em uma banda de Pop Rock cover, dessas que animam a balada das pessoas nos bares e casas de shows da cidade. Mas estávamos insatisfeitos com o fato de não podermos criar nossos sons, nossas próprias canções. Aí, largamos a banda e decidimos começar um projeto autoral. A Eek já nasceu com essa proposta de fazer música própria. Sempre fomos meio resistentes em fazer cover. No começo, a gente colocava um ou dois covers no repertório, mas acabamos deixando isso de lado e já faz um bom tempo em que tocamos apenas nossas próprias canções nos shows.

Como é o processo de composição da banda? vocês compõem juntos? existe uma pré-determinação de horário para compor, ou como a música deve soar estilisticamente... ou é simplesmente a inspiração que dita as regras?

Wagner Sampaio: Cada um cria sua música em casa, chega no estúdio durante um ensaio, e apresenta essa nova ideia, a banda toda ouve e "molda" a música, conforme os gosto de cada um, até virar uma música pra Eek.

Diogo Braz: Isso. O processo começa individual, quando alguém faz letra, música e estrutura da canção, e depois fica mais participativo, quando a banda cria os arranjos nos ensaios. Não há essa preocupação com o estilo, você disse tudo: a inspiração é que dita as regras!

O prêmio Uirapuru de melhor disco - voto do público deve vir com um gosto especial para vocês e, especialmente se considerarmos que o segundo lugar também foi conquistado por uma banda da terra, traz alguns questionamentos: porque temos uma cena tão escassa em uma terra com tantos artistas talentosos?

Wagner Sampaio: Por alguma razão, o público daqui criou um hábito de dar mais valor a bandas ou artistas solo que vêm de fora, não acreditando fielmente que algum artista daqui tenha algo bom a mostrar, até ele ter alguma consagração ou vitória durante o caminho que percorre...

Diogo Braz: Acho que existem vários fatores que formam essa cena incipiente: Há essa coisa que o Wagner falou do público não levar muita fé na produção local... Mas isso é um ciclo, não é? Vivemos num estado com os menores investimentos em cultura do país. Prefeituras e governo, além de não investir, emperram mecanismos como Leis de Incentivo Fiscal, o funcionamento dos conselhos de cultura... O poder público tem o papel fundamental de fornecer cultura ao seu povo, mas tem falhado feio. Fora isso, a iniciativa privada daqui é covarde: é coisa rara um empresário patrocinar eventos de cultura, mesmo sabendo como é bom ter a imagem de sua empresa associada à promoção de cultura e lazer para a sociedade... 
Mas eu sempre acredito que a gente está caminhando pra frente, mesmo que lentamente. Vejo um crescente interesse dos artistas e produtores culturais em fazer uma cena sustentável. Como exemplo disso, temos a criação do PCult em Alagoas, integrado com um movimento nacional apartidário, que vem se reunindo e buscando parcerias e soluções para esse descaso cultural; temos uma cooperativa de músicos (Comusa); um fórum permanente de cultura, mais ligado a movimentos de cultura popular, enfim: movimentos que buscam pressionar o poder público para que esse cumpra o seu papel, mas também movimentos que buscam capacitar o artista para que ele não dependa dessa "boa vontade" política. Creio que o momento é de arregaçar as mangas, deixar de reclamar e fazer!

Em Pernambuco, temos o exemplo do frevo, que é considerado patrimônio cultural do estado e influencia todos os músicos locais, mesmo que não sejam de instrumentos tradicionais do ritmo, como o guitarrista pernambucano Fred Andrade. Em Alagoas, temos o exatamente o inverso desta cena (por exemplo o Fandango, ritmo local que só tem um grupo como expoente e logo deixará de existir). Como podemos lutar para mudar os valores de uma sociedade que não valoriza a própria cultura?

Wagner Sampaio: Ai já é uma questão mais política do que social. Talvez se a prefeitura ajudasse mais, investindo em eventos de maior proporção musical e esquecendo, um pouco, só um pouco, de focar somente em bandas de forró, quem sabe?

Diogo Braz: Pois é, é uma questão cíclica. Acredito que faltam políticas públicas de promoção de cultura e investimento do setor privado nessa área. Se houver isso, num trabalho de médio ou longo prazo, Alagoas se torna fácil num dos maiores expoentes de cultura do país, há muita gente talentosa por aqui!

O álbum "Fantasia de Equilibrista" traz, em músicas como "Contando as Horas", "Paranóica", "Aquele Velho Starsax" e "Fantasia de Equilibrista", tudo que estes músicos talentosos têm de melhor: um verdadeiro passeio onde sobra arte e faltam rótulos. Música para ser ouvida por aqueles que anseiam por algo que parece raro hoje em dia: sinceridade!

                                                                       

LINK PARA DOWNLOAD DO ÁLBUM FANTASIA DE EQUILIBRISTA:

Contatos:
Imprensa: Diogo Braz (82) 9972-2058 | Contrato: Christophe Lima (82) 9316-1537
Técnica: Wagner Sampaio (82) 9973-6093 | Logística: Leo Almeida (82) 9312-7970
e-mail: eek_banda@yahoo.com.br

Eek na web: