sexta-feira, 22 de julho de 2011

Biografia: Djavan



Da Boca do Beco ao Azul:

     Nascido em Maceió, no dia 27 de Janeiro de 1949, Djavan Caetano Viana dividia o amor entre o futebol, atuando como meio - campista do CSA (Centro Sportivo Alagoano) e o equipamento de som quadrifônico da casa do Dr. Ismar Gatto, pai de um amigo de escola. Da segunda paixão, veio o talento irreprimível e musicalidade notável, que tornaria o cantor/compositor/arranjador/instrumentista um dos nomes mais célebres da Música Popular Brasileira.
     Aos 19 anos, o então atuante da banda Luz, Som, Dimensão (LSD) parecia conter uma urgência em se expressar através da arte. Deixou o futebol definitivamente e passou a dedicar-se única e exclusivamente à música. Aos 23, com Alagoas no coração, muda-se para o Rio de Janeiro, visando ganhar seu espaço no mercado musical. Passa cantar como crooner de boates, onde não tarda a chamar atenção.
     Nos três anos que seguem, Djavan compôs mais de 60 canções, dentre elas, a música Fato Consumado, que viria a ser 2ª colocada no Festival Abertura, fato que levou o cantor a gravar seu primeiro disco pela Som Livre, sob produção de Aloysio de Oliveira, intitulado A Voz, O Violão, A Música de Djavan. Deste compacto, destacam-se, além de Fato Consumado, as músicas Flor de Liz, Na Boca do Beco, Maria das Mercedes, etc. A partir deste momento, Djavan torna-se um artista aclamado pela crítica e pelo público.



     Em 1978, o cantor lançou o álbum Djavan, pelo selo Odeon. Posteriormente, o álbum recebeu o subtítulo Cara de Índio e solidificou a posição de Djavan como um dos grandes da MPB e sua música se torna cada vez mais pessoal, cheia de influências de ritmos africanos, samba, soul, etc. Além da faixa a que o subtítulo remete, o álbum traz também as canções Álibi, regravada por Maria Bethania, Dupla Traição, regravada por Nana Caymi e Samba Dobrado, regravada por Elis Regina, além das músicas Serrado, Nereci e  Numa Esquina de Hanói. Em uma das faixas, intituladas Alagoas, o cantor traz um samba e canta o lamento de ter deixado Alagoas para poder viver como artista:



     No álbum seguinte, Alumbramento, Djavan já traz parcerias com Aldir Blanc em Triste Baía de Guanabara e Chico Buarque n'A Rosa. Além destas canções, o álbum traz também Lambada de Serpente e a música que o consagraria ainda mais e constituiria numa das mais aclamadas de sua carreira, Meu Bem Querer. Já consagrado entre os gigantes, Djavan vê mais músicas de sua autoria ganharem versões nas vozes mais expressivas do país. Gal Costa regrava Açaí e  Fato Consumado, Roberto Carlos, A Ilha e Caetano Veloso retribuir o "Caetanear" de Sina, substituindo o termo por "Djavanear".



     Em 81 e 82, Djavan ganha o prêmio de melhor compositor da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Nesta época, Djavan também lançou o álbum Seduzir, com destaque para a música homônima. No ano de 82, a canção Flor-de-Lis adentra o mercado americano, na voz da diva Carmen McRae, com o título de Upside Down. Chega então o convite para gravar com a o selo CBS, que viria a se tornar Sony Music. O artista embarca para Los Angeles para gravar seu novo álbum, intitulado Luz. Sob produção de Ronnie Foster, Luz trouxe um Djavan mais jazzístico, maduro musicalmente, mas sem perder sua característica artística. Como resultado, o álbum é o responsável por canções que iriam marcar sua carreira, tais como Pétala, Açaí, Sina e Samurai, que conta com a participação de Stevie Wonder.



     Após lançar o álbum Lilás, disco que teve sua faixa-título tocada mais de 1.300 vezes nas rádios em seu dia de estréia,  Djavan "ganha o mundo" e passa dois anos em turnê internacional. Volta ao Brasil em 86 e já lança o Meu Lado, de influência africana na música homônima, bem como na  Nkosi Sikelel I-Afrika e So Bashia Ba Hlala Ekhaya, mas também um álbum de sambas, de baiões e canções de riqueza harmônica e passeios por melodias fora dos padrões. Em 10 anos de carreira, Djavan se mostra um explorador de cores, palavras, imagens e texturas.
     Palalelamente à sua carreira de músico, Djavan estreou nas telas como ator no filme Para Viver um Grande Amor, onde interpretava um mendigo apaixonado pela personagem de Patrícia Pillar. Compôs para o filme ao lado de Chico Buarque e participou do hit infantil Superfantástico, da Turma do Balão Mágico.




     Em 1987, veio o disco Não é Azul, Mas é Mar, gravado em Los Angeles, com músicas em inglês como Bird of Paradise, Miss Sussana e Stephe’s Kingdom, faixa que contou com a participação de Stevie Wonder. Dois anos após este álbum, Djavan lançaria mais um grande sucesso: o álbum Djavan (1989). No disco, encontramos outra música “carro-chefe” do compositor, Oceano, além dos hits Cigano e Avião.
     A década de 90 foi uma das mais produtivas para a carreira do artista, cada vez mais influenciado pelo jazz, blues, soul, etc. Logo no início desta, em 1992, Djavan lançou Coisa de Acender, das músicas Se..., Linha do Equador, Outono, dentre outras. Dois anos mais tarde o artista lança Novena, inteiramente composto e arranjado por ele. A formação de sua banda, com Paulo Calazans, Arthur Maia, Marcelo Martins e Carlos Bala é uma das mais aclamadas “eras” dos entusiastas de Djavan.



     Malásia, lançado em 1996 é um álbum extremamente maduro. De harmonias complexas e músicas onde até marcar o compasso é difícil (vide a faixa-título do álbum). O álbum conta com o hit Nem um Dia e covers, como Smile, de Chaplin e Correnteza, de Tom Jobim.
     Em 1998, o guitarrista (e filho de Djavan) Max Viana entra definitivamente na banda. Deste ano também data o disco Bicho Solto, onde Djavan mostra maior influência do funk americano, desfilando músicas dançantes. Em 1999, o álbum Ao Vivo traz uma antologia com 22 grandes sucessos de sua obra e leva Djavan a uma turnê duradoura.
     O ano 2000 traz para Djava um Grammy Latino pela música Acelerou. O artista também recebeu o Prêmio Multishow como melhor artista, melhor show e melhor álbum. Em 2001, o álbum Milagreiro marca a volta para a temática nordestina em sua obra. Deste, destacam-se Milagreiro, em parceria com Cássia Eller e Farinha.
     Com o ínicio do selo de Djavan, Luanda Records, Djavan tem sua independência total como artista para o lançamento de seus álbuns. Lança, então, Vaidade (2004), Na Pista e Etc. (2005) e Matizes (2007) e, com este último, sai em turnê.
     Surpreendendo mais uma vez, Djavan lança em 2010 seu álbum Ária, totalmente voltado à um repertório cover, como o Standard de jazz Fly me to The Moon.



     Djavan compõe passeando por estilos, andamentos, ritmos, línguas. Ímpar, explora a língua de nosso país como poucos, em letras de jogos de palavras, de referência à cores. Genial, abraça o mundo e toma para si a nossa cultura, como se fosse possível, em um abraço, se apossar de toda a arte que nele existe.

0 comentários:

Postar um comentário