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Irina Costa, foto por Flávia Correia. |
Dona de uma das melhores e mais versáteis vozes de Maceió, a cantora Irina Costa navega por vários estilos primorosamente. Nascida em Angola, mas brasileira e alagoana de coração, a cantora já participou de vários concursos musicais. Dentre eles, venceu o Lusavox por escolha do público e se apresentou no canal RTPi para mais de 141 países.
Em entrevista exclusiva para o blog Ouvido Interativo, a musicista fala sobre sua vida, seus projetos musicais, Comusa e aspirações futuras:
Quais as suas influências musicais?
Sou muito eclética. Graças a Santa Cecília, padroeira da música (risos). Nasci numa família musical. Meu avô, por parte de mãe (já falecido), tocava acordeon e piano. Minha mãe também e ainda cantava. Por isso cresci num ambiente onde se ouvia de tudo: fado, MPB, bossa, Jazz, blues samba, country music, folk... A minha família é muito musical. Lembro-me de cantar desde os 04 anos. E gostava de vários estilos. MENOS do fado.
Na adolescência, a paixão era o rock 'n´ roll. E isso continua refletido na MDM - banda em que sou vocalista, também. Com a maturidade e o falecimento do meu avô, redescobri Portugal e o fado. Hoje, a música portuguesa faz parte de mim.
Há alguma forma de permear o fado entre os muitos estilos de música brasileira?
Sim. Eu faço isso a medida em que canto fado sem a guitarra portuguesa, dando nova roupagem. E não só. Uma cantora brasileira, a Mylene Pires, editou um CD com regravações dos Madredeus (que não é fado, mas que tem a mesma melancolia) e transformou aquelas canções em samba, bossa, marchinha carnavalesca, etc.
Ah! No Brasil, o Fado é um bailado de origem afro-brasileiro. Herança cultural deixada pelos escravos que vieram da África para trabalhar nos canaviais da região. Mas isso é uma outra história...
E quanto à cantora, existe uma Irina brasileira?
Existe mais do que isso. Existe uma Irina transita entre dois mundos; mas, sobretudo, existe uma Irina que respira e vive música. Seja para o que for. Trabalho, dirijo,acordo e adormeço com música. Falo através da música. A minha vida é uma trilha sonora.
Há quanto tempo você canta?
Desde que me entendo por gente! (risos). Mas, a sério, há 10 anos.
Como é a receptividade do público alagoano e brasileiro ao fado?
Muito boa. O fado (e a música portuguesa) arrebatam o coração, porque falam de sentimento, falam da alma e para a alma, falam do amor, da sina. E, ao contrário do que se pensa, tenho cada vez mais gente jovem na platéia. Porque a juventude tem uma urgência nas palavras e na expressão. O fado também.
Qual a sua opinião a respeito da cena musical alagoana?
Incrivelmente produtiva, ávida por espaço, inquieta, talentosa. Temos mais é que nos orgulhar do que é produzido na nossa Alagoas. Olhar para o umbigo. E o que me encanta é perceber que essa mesma inquietação e esse talento-monstro não deixa esmorecer esses alagoanos, nascidos ou de coração, que nos brindam com música de primeira qualidade, projetam Alagoas, ainda que com toda a dificuldade. Porque possibilidades existem.
E quanto à Comusa, como ela atua entre os músicos alagoanos? Qual a importância da Cooperativa?
A Comusa vem para formalizar o trabalho musical, onde os artistas cooperados passam a ser agentes de um processo de transformação no cenário musical de Alagoas, com o objetivo de fomentar a formação de rede entre os cooperados, minimizar a ação de intermediários e distribuir renda tendo por base a autogestão, trocando experiências e compartilhando de um ideal coletivo: DIVULGAR A MÚSICA PRODUZIDA EM ALAGOAS e levá-la ainda mais longe.
A Cooperativa visando o fortalecimento da categoria nasce como um novo paradigma de organização da classe musical, para atuar nas esferas nacional e internacional, contribuindo com a construção de políticas públicas relacionadas à cadeia produtiva da música, tendo como principais metas: a ampliação de redes, a intercooperação entre as cooperativas de música, a difusão e circulação da música produzida em Alagoas no Brasil e no exterior, divulgação da música autoral em veículos de comunicação como rádios, internet e televisão, qualificação e profissionalização dos integrantes da cadeia produtiva da música, contribuição para que os programas de educação musical, para professores e músicos, sejam multiplicados, estimulação e implementação de iniciativas de economia solidária para o mercado da música.
Em que projetos musicais você já atuou?
Para citar alguns: Lusavox. Mulheres que dizem sim. Outubro ou Nada. O Livro das Emergências. Abertura Nacional da Exposição "Destinos do Fado" do Pinto Português António Carmo. Gravei a participação no CD "Cantores Alagoanos e suas músicas favoritas". E, ainda no forno, participação no CD do Junior Almeida com sua "tal sol, tal homem, tal maria" (guardada a sete chaves).
Que momento mais marcou sua carreira?
Vencer o Lusavox (escolhida pelo público) - concurso internacional promovido pela RTPi (Televisão Portuguesa) e o Ministério dos Negócios Estrangeiros - transmitido, ao vivo, para mais de 141 países, representando o Brasil e Alagoas com a música "O Cravo e a Rosa" do cantor e compositor alagoano Sóstenes Lima.
Você pensa em lançar sua música em alguma mídia como CD ou DVD?
Quem canta quer e precisa ter um registro. Já pensei muito nisso. Ainda penso. Mas, hoje, diante da nova era que nos foi (im)posta, prefiro pensar num DVD. E é nisso que tenho firmado o pensamento. Também, claro, penso em continuar a divulgar a minha música, a música alagoana e a produzida em Alagoas, porque somos bons, pois temos boa música, boa gente e ótimos artistas e, sobretudo, porque a música une e quebra barreiras, eleva as pessoas, melhora o humor, enfim, faz bem à alma!
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